quarta-feira, 30 de novembro de 2011

NA ERA DO RÁDIO: OS JINGLES DOS PRESIDENTES

ARTIGO PUBLICADO POR KARLA O. ARMANI, EM 28 DE OUTUBRO DE 2011, PELO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" 



“Bota o retrato do velho outra vez, bota no mesmo lugar.
O sorriso do velhinho... faz a gente trabalhar”
            Quem possui mais de setenta anos provavelmente já ouviu o verso acima cantado como marchinha de carnaval. Esta marchinha foi muito difundida nos anos 50 como propaganda ao governo de Getúlio Vargas, que venceu as eleições de 1950 com 48% de aprovações. Este é só um dos vários jingles utilizados nos anos dourados para ilustrar o imaginário social diante às campanhas presidencialistas no Brasil. Nesta época, o rádio não era só o cenário de grandes vozes, radio-novelas ou de notícias, era também o principal meio de comunicação em massa e o propagador dos ideais políticos.
            A era do rádio no Brasil foi conseqüência do aumento do ritmo da industrialização do país no momento posterior à 2ª Guerra Mundial. Com a crescente importação de rádios, televisões e demais produtos tecnológicos, o Brasil vivia o surgimento da indústria cultural, onde os meios de comunicação em massa levaram à consolidação da sociedade de consumo. Ou seja, de modo geral, as pessoas necessitavam adquirir bens tecnológicos que traduzissem os novos valores impostos por essa indústria cultural. É claro que boa parte da população brasileira estava excluída desse consumismo por conta das míseras condições de vida e isolamento social, mas é válido destacar que a indústria cultural desta época conseguiu chegar a pontos até então inatingíveis no Brasil.
            Muitas pessoas nos dias de hoje se recordam das canções e dos artistas do rádio dos anos 50, isso porque a acessibilidade a este meio de comunicação ocasionou profundas transformações nas formas de viver da sociedade. Os jingles cantados no rádio eram uma maneira do político estar mais próximo do trabalhador, da dona de casa e até mesmo das crianças que ouviam o rádio. Era ao redor deste aparelho e principalmente da televisão que a família ficava reunida para ouvir ou assistir os programas que passavam a ser semanais e/ou diários. É claro que isso também poderia gerar a alienação social, onde muita gente perdia o senso crítico frente aos apelos à comunicação em massa.
            Jingles como o que encima este texto e outros como “varre, varre, vassourinha, varre, varre a bandalheira... que o povo já está cansado de sofrer desta maneira... Jânio Quadros é a esperança deste povo abandonado” adentraram para a história do Brasil e no imaginário da população. Enfim, espera-se que todos eles sejam estudados e encarados como fontes históricas do período dos anos dourados e da indústria cultural.

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