ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª ESP. KARLA O. ARMANI, EM 28 DE OUTUBRO DE 2012 NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS"
A História é uma ciência discutida
desde os tempos da Grécia Antiga, afinal o “pai” da história foi o grego
Heródoto (século V a.C). Durante os períodos da Antiguidade, do Medievo, da Era
Moderna e da Contemporaneidade, a História se manifestou nas sociedades como
uma ciência que não estuda só o passado, mas utiliza-o como um elemento comum
ao povo de um mesmo território, aliás de uma “nação”. A História era a base
para a construção da ideia de “nação”.
Com o Brasil, não foi diferente.
Nos tempos coloniais, o Brasil era
preso ao Sistema Colonial e se comportava como uma imitação estendida da
metrópole portuguesa. A partir da Independência (1822), para assegurar a
unidade nacional, o governo buscava construir a imagem do Brasil como uma
“nação independente”. Para isso, passou a utilizar-se daquilo que criaria um
carater “identitário” ao povo: a sua história; algo que ainda não tinha sido construído
naquela recente “ex” colônia.
Essa busca pela “História do Brasil”
se tornou mais vigente durante a década de 1830, no Período Regencial. Nesta
época, o Brasil era governado por regentes (trinos e unos), porque o imperador
Pedro I havia abdicado seu trono em 1831 e o príncipe regente tinha somente
cinco anos de idade. A situação estava “tensa” para o governo, uma vez que o Brasil
era a única “nação” regida pelo sistema monárquico na América naqueles anos
oitocentos. Ainda mais, nesta mesma década, pelo menos cinco revoltas sociais
estouraram nas províncias do Grão Pará, Bahia, Maranhão e Rio Grande do Sul. A
Cabanagem, Sabinada, Revolta dos Malês, Balaiada e Farroupilha demonstraram a
insatisfação popular diante o governo regencial e ameaçavam a unidade da nação.
A “História do Brasil”, mais do que
nunca, começou a ser criada com a fundação do IHGB (Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro) em 1838. O estudioso europeu Karl Von Martius foi o
responsável pela primeira escrita da história do Brasil. Sua pesquisa ficou
muito conhecida, afinal ele procurou demonstrar a miscigenação e a contribuição
de cada uma das raças do povo brasileiro, tais como os portugueses e os
africanos. Mas, foi no “indígena” que Von Martius destacou a particularidade
dos brasileiros, como descendentes destes nativos. A partir de então,
iniciou-se uma valorização e romantização perante a figura do “índio” que era
vista em pinturas (como as de Vitor Meirelles), na literatura (José de Alencar)
e até na música (“O Guarany” de Carlos Gomes).
E foi assim que nasceu a “História
do Brasil”, intencionalmente, para dar uma cara de “nação” a uma terra que
havia sido colônia por mais de trezentos anos, mas que agora queria ter a sua
própria história. Uma história geral do Brasil.
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