ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª ESP. KARLA O. ARMANI, EM 2 DE DEZEMBRO DE 2012, NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS"
No último dia 26 de novembro um fato
inédito aconteceu no Exército do Brasil: uma mulher conquistou um cargo de
oficial general das Forças Armadas. Dalva Maria Carvalho Mendes recebeu a
patente de “Contra-Almirante” da Marinha depois de muitos anos de serviços
prestados ao exército. Formada em medicina, Dalva fez parte da primeira turma
do corpo auxiliar feminino de oficiais da Marinha do Brasil de 1981.
Este fato atraiu muito a atenção da
mídia brasileira pelo “brilho” da patente da contra-almirante e também pelo
fato de tal cargo ser destinado a uma mulher. Esta notícia causa tanto
entusiasmo pelo fato do Exército ser historicamente associado a figuras
masculinas. Deste modo, o recebimento de tal patente numa instituição que até
então era predominantemente masculina, representa a evolução e as conquistas da
mulher não só no lado profissional, bem como no aspecto social e cultural da
comunidade brasileira.
Tal novidade na Marinha desperta-nos
a lembrança de outro episódio ocorrido há mais de cem anos atrás no Rio de
Janeiro; a Revolta da Chibata. Ao contrário da relevância dada a primeira
mulher “contra-almirante” da Marinha na atualidade, a Revolta da Chibata parece
não ser reconhecida pela instituição. Especula-se que, esta posição do exército
assim se deu por conta deste conflito ter sido iniciado pelos marinheiros;
então componentes de cargos rasos da Marinha.
Era 22 de novembro de 1910, no Rio
de Janeiro, quando os marinheiros tomaram alguns “couraçados” da Marinha e
ameaçaram bombadear a capital do Brasil; que na época contava com estimados 900
mil habitantes. Sob a liderança de João Cândido, o “Almirante Negro”, os
marinheiros protestavam diante às punições da “chibata” que recebiam, a péssima
alimentação e os maus-tratos. Mais de 2.300 marinheiros participaram desta
revolta, que contava com a tomada de pelo menos quatro grandes navios da
Marinha brasileira. Depois de alguns dias de tensão por parte dos revoltosos e
dos civis cariocas, o governo brasileiro aprovou as reivindicações dos
marinheiros e a lei de anistia. No entanto, pouco tempo depois, a lei foi
revogada e novos confrontos começaram; o que resultou em massacre, prisões e
exílio de marinheiros.
Segundo algumas fontes, este
episódio não é reconhecido pela Marinha do Brasil, porém, os livros didáticos
de História já o tomaram como parte importantíssima do contexto histórico da
Primeira República no Brasil. As vozes dos marinheiros, última instância na
Marinha do Brasil, estão sendo estudadas e disseminadas na história do povo
brasileiro. Inclusive, a mídia televisiva está apresentando este episódio como
“pano de fundo” da atual novela das seis da Rede Globo; “Lado a Lado”.
Que a relevância que foi dada a
primeira mulher general oficial das Forças Armadas do Brasil também seja estendida
ao levante dos marinheiros de 1910. Afinal, independente de gênero e “altura”
das patentes, todos os configurados do exército, em especial àqueles que
lutaram por melhorias e conquistas, são de fato importantes à instituição e à
história do Brasil!
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