domingo, 9 de dezembro de 2012

DOS CURANDEIROS AOS MÉDICOS


ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª ESP. KARLA O. ARMANI, EM 21 DE OUTUBRO DE 2012 NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS"


            No dia 18 de outubro, que já se passou, foi comemorado o “dia do médico”. Por isso, seria interessante falarmos a respeito dos primeiros médicos que se instalaram em Barretos e suas dificuldades diante uma população que só conhecia os curandeiros. Hoje, com todos os avanços na área da medicina e o acesso à saúde (mesmo com tantos problemas), talvez seja difícil imaginar a vida sem os médicos, os hospitais, os remédios. Mas, assim era Barretos há mais de um século atrás...
            No século XIX, quando Barretos ainda era uma vila e a vida da população se pautava num ambiente ruralizante, quase não se via médicos por essas bandas. Quando alguém ficava doente, logo se recorria a um curandeiro para que através de “benzeções”, simpatias e poções se estabelecesse a cura. O interessante é que muitos destes curandeiros também eram coronéis, que além de exercer o poder político, acumulavam várias funções como advogados, professores e até curandeiros! Para se ter ideia da raridade de um médico, conta-nos Osório Rocha que, por volta de 1890 existia na cidade o então “médico” “Dr.” João Batista Soares. Mas, depois descobriu-se que este título não lhe pertencia de fato, porque, na ocasião da Guerra do Paraguai, ele serviu como soldado ao lado de seu primo João Batista Soares, que era estudante de medicina. Como o mesmo faleceu durante a guerra, ele assumiu a identidade do primo e sua função de médico.
            Os médicos licenciados começaram a aparecer em Barretos após a instalação da República em fins do século XIX e início do XX. Podemos ver alguns nomes deles em propagandas do jornal “O Sertanejo”, onde se percebe que muitos deles moravam em hotéis, atendiam a domícilio e de graças aos pobres! Um deles, por exemplo, era o dr. Mathias Lex, que em 1901 foi o responsável pela campanha de vacinação contra a varíola na cidade.
            A partir da década de 1910, com a instalação da Casa de Caridade (1911, na Sociedade Espírita 25 de Dezembro) e da Santa Casa de Barretos (1921), começaram a se instalar mais médicos na cidade de Barretos. Sendo válido notar, que a maioria destes doutores formava-se nas grandes universidades das capitais e depois vinha atuar na cidade. Dentre eles, podemos destacar o dr. Raymundo Mariano Dias formado pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e também o dr. Henrique Pamplona de Menezes, formado pela mesma universidade no ano de 1884! Médicos como estes atuaram em vários setores da cidade, e por isso fazem parte da nossa história.
            Uma história longa, que adentrou o século XX e XXI, onde passaram médicos e “causos” interessantes como o dr. Francolino Galvão de Souza, que fez a primeira cesariana em Barretos no ano de 1934; a dra. Nilda Bernardi, primeira médica mulher da Santa Casa e o dr. Paulo Prata, que junto com uma equipe e sua esposa, fundou o Hospital de Câncer de Barretos. São essas e outras histórias que nos fazem perceber a importância dos médicos, dos hospitais e da saúde na nossa cidade de Barretos.


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