ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª ESP. KARLA O. ARMANI, EM 25 DE NOVEMBRO DE 2012, NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS"
“Queixo-me
às rosas / Mas que bobagem, as rosas não falam / Simplesmente as rosas
exalam... o perfume que roubam de ti” (Cartola).
As palavras acima são parte de uma das
mais belas canções brasileiras, “As rosas
não falam”, de autoria do “Mestre” Cartola; um verdadeiro “trovador”
brasileiro. Assim podemos dizer, por causa da intensidade das letras de suas
canções, que quando tocadas, revelam mensagens de amor e de inspirações para a
vida. Cartola, mesmo nascendo no início do século XX, continua a ser sempre
citado no que diz respeito à música popular brasileira e, principalmente, ao
samba; já que ele foi um dos primeiros sambistas do Rio de Janeiro.
Como o samba também suas raízes nos
batuques africanos e seus primeiros representantes eram negros, Cartola não
podia ser diferente. E, como tal, na última semana, quando se comemorou o dia
da Consciência Negra, Cartola foi por diversas vezes citado na mídia, tanto por
suas canções encantadoras, quanto por sua história de vida. Falemos, então, um
pouco sobre a biografia do “mestre do samba”, que mesmo entre “pedras no
caminho” fez de sua música uma inspiração à vida.
Chamava-se Angenor de Oliveira, nascido
no Rio de Janeiro, então capital do Brasil, em 1908. Aos 11 anos mudou-se para
o Morro da Mangueira, local que evidenciaria seu sucesso, pois desde muito cedo
já tocava cavaquinho. Parou de estudar aos 15 anos, quando sua mãe faleceu,
completando somente o ensino primário. Depois disso, trabalhou em tipografias e
como pedreiro; quando adquiriu o apelido de “Cartola” em razão de usar um
chapéu (a cartola) para não deixar que o cimento o sujasse.
Em 1925, ao lado de amigos, como Carlos
Cachaça, fundou um bloco de samba, que, três anos depois, se fundiu com outros
e formou a “Estação Primeira de Mangueira”; uma das mais tradicionais escolas
de samba cariocas. Como suas canções de samba faziam sucesso na “Mangueira”, na
década de 30, Cartola se destacou como compositor e teve suas canções gravadas
por artistas de renome na época, como Carmem Miranda, Mário Reis, Francisco
Alves, Noel Rosa, Silvio Caldas e Araci de Almeida. Na década de 40, por conta
de problemas pessoais (há quem diga que foi de saúde), ele desapareceu do
cenário musical; somente em fins dos anos 50, voltou a cantar. Na década de 60,
abriu um restaurante com sua esposa, o “Zicartola”, que era ponto de encontro
dos sambistas do morro. Em 1974, gravou seu primeiro LP aos 66 anos; sendo dois
anos depois o lançamento de seu segundo LP e de seu primeiro show individual. A
partir de então, gravou mais discos, fez apresentações e shows, até sua morte
em 1980.
Desde então, o “mestre” Cartola nunca
parou de ser citado na mída, no samba e até na poesia. Talvez, mais do que a
brasilidade do ritmo de suas canções, seja a poesia das letras de Cartola que o
tenham eternizado no tempo. As letras de suas canções são tão belas que chegam
a dar mais brilho à língua portuguesa, afinal usar tão bem os verbos, as rimas
e as expressões brasileiras só é possível para um original “poeta do samba”.
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