terça-feira, 5 de abril de 2011

DIA DA MENTIRA



ARTIGO PUBLICADO POR KARLA O. ARMANI NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 1º DE ABRIL DE 2011.

            É no dia de hoje que as crianças, e até alguns adultos, contam alguma mentira, assusta a pessoa que ouve essa mentira e depois às gargalhadas sorri dizendo: “-primeiro de abril, dia da mentira!”. O dia da mentira é conhecido no mundo todo e possui um significado histórico que se adaptou à cultura de cada povo, já que naturalmente a mentira é algo que esteve presente em todas as sociedades humanas. Então, porque o primeiro dia do mês de abril ficou com essa fama de mentiroso?
              A maioria das páginas da internet conta o mesmo fato sobre tal questão, sendo a justificativa associada a costumes religiosos da Baixa Idade Média. Conta-se que o rei da França, Carlos IX, após a instituição do calendário gregoriano, passou a comemorar o dia de ano novo em 1º de janeiro – como hoje acontece de fato. Entretanto, antes do rei ordenar tal mudança, esta data era comemorada no dia 25 de março e terminava uma semana depois, ou seja, no dia 1º de abril. Acontece que, algumas pessoas não aceitaram essa mudança na data e passaram a ser satirizadas pelos outros, que lhes enviam convites e cartões falsos de felicitações no dia 1º de abril confundindo-os sobre a veracidade da data. Assim, o primeiro dia de abril passou a ser um dia da mentira, da enganação.
Além disso, diz-se que dois séculos mais tarde países europeus e suas colônias adotaram tais brincadeiras no dia da mentira. Segundo evidências, no ano de 1848 circulou em um Estado brasileiro, possivelmente Pernambuco, uma notícia no dia 1º de abril que Dom Pedro havia falecido, o que de fato estava bem longe de ser verdade. Estipula-se, pois, tal data para a entrada do dia da mentira no nosso país.
A filosofia mostra que o ato de mentir está presente em discussões desde a Grécia Antiga, que refletiam questões morais entre a verdade e a mentira. Sócrates, por exemplo, não aceitava pessoas que distorciam a realidade como os sofistas que proviam ficções em seus poemas. Já Platão, recomendava que os políticos de sua República propagassem a “nobre mentira”, destinada a manter as pessoas felizes com o que lhes coubera.
No mundo atual e na vida pública, verifica-se que a mentira é tida como um ato imoral e quando explícita é condenável, principalmente perante as esferas da política. Os políticos que fazem parte de redes de corrupção são tidos como verdadeiros mentirosos e combalidos por isso. Em outro âmbito, como o da medicina, existia uma tradição em mentir para o bem do paciente, fato que vem sendo considerado pela própria medicina uma violação da autonomia do paciente.
Enfim, seja como brincadeira, perniciosa, imoral, alternativa ou tradicional, o fato é que a mentira esteve presente em várias sociedades na história da humanidade oferecendo diversas experiências. Com a característica de causar imprecisão nos fatos e ter a intenção de enganar alguém, a mentira sempre foi contada pelo homem. E neste primeiro de abril, tão “oportuno”, não seria diferente. Cuidado com as mentiras!
REFERÊNCIA: Coleção da Publifolha – “Filosofia”, ano 2009. 

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