terça-feira, 5 de abril de 2011

AGORA SIM, “HISTORIADOR”



ARTIGO PUBLICADO POR KARLA O. ARMANI NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 25 DE MARÇO DE 2011.

Certamente, se cá ainda estivessem, pesquisadores da história do Brasil como Joaquim Nabuco, Capistrano de Abreu, Sérgio Buarque de Holanda, Darcy Ribeiro, Antonio Cândido e muitos outros estariam felizes com as últimas notícias que circularam no Senado da República Brasileira. Posto que, no dia 2 de março foi aprovada no Senado a proposta que regulamenta e, por sua vez, oficializa a profissão de “historiador”. O Brasil e suas ciências humanas têm muito a comemorar.
 Por muito tempo, profissionais como os já citados, formados em História, ou, ciências aliadas como sociologia e antropologia, mesmo com a bagagem cultural que ofereceram à sociedade, estiveram ocultos perante sua verdadeira ocupação: historiador. Isto porque, além de tal profissão não ser regulamentada, a formação em História não era o único critério que designava alguém a ser historiador. A denominação “historiador” era muito mais um rótulo àquele que se fazia certa pesquisa no campo histórico, do que uma profissão oficial. Trocando em miúdos, todos aqueles que se aventuravam a escrever sobre determinada “história”, mesmo sem passar pelo crivo científico de universidades, era caracterizado como historiador. É o caso de muitos memorialistas, jornalistas e até poetas.
Mas, esta situação tende a mudar. Se a “história” no Brasil, como uma disciplina específica e escolar, começou a se desenvolver a partir do século XIX, ter seu profissional regulamentado no século XXI já é sinal de grande avanço, mesmo com tamanha demora. Porquanto, pode-se imaginar que o século XXI inaugura uma nova tendência na historiografia brasileira, a começar pela oficialização de seu próprio profissional. Assim, quem move a história é o povo, mas quem a escreve é o historiador.
Segundo a proposta apresentada pelo senador petista Paulo Paim e aprovada pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), a profissão de historiador poderá ser exercida pelos diplomados em curso de graduação, mestrado ou doutorado em História. Sendo suas atribuições simplificadas “a organização de informações para publicações, exposições e eventos sobre temas de História, e os locais de atuação: empresas, museus, editoras, produtoras de vídeo e CD-ROM ou emissoras de televisão”.
Desta maneira, um novo leque de oportunidades se abre àquele que decidi optar por “História” no vestibular. Além da atuação como professor de ensino básico e superior, pois todo professor de história é também um pesquisador, o historiador agora ocupa uma nova posição social no campo profissional. O historiador, isto é, aquele que se preocupa em investigar toda experiência humana ao longo do tempo tendo como base a ciência, não é meramente rotulado, ao contrário, é regulamentado, é profissional, tem voz, tem espaço, tem oportunidade e principalmente tem estímulo na luta pela valorização e preservação de seu objeto de estudo: a reconstrução de um passado que é mais presente do que se imagina.

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