ARTIGO PUBLICADO POR KARLA O. ARMANI NA REVISTA "AÇÃO E VIDA DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE BARRETOS" EM 3 DE ABRIL DE 2011.
Nilton Celestino Ferreira, economista e superintendente do Grupo Santa Casa Saúde, relembrou o nascimento do plano de saúde que ancorou as dificuldades do hospital desde os anos 90, estabelecendo uma linha do tempo que se perpetua paralela à história do tempo presente da Santa Casa de Barretos.
Agosto de 1993, esta é a data da implantação do Plano Santa Casa Saúde. Pode parecer pouco tempo e por conta disso uma época isenta de memória, no entanto, ao contrário do que se pensa, o nascimento do Plano Santa Casa Saúde é parte de um contexto histórico ligado aos ditames nacionais e a própria Santa Casa de Misericórdia de Barretos. Trata-se, portanto, de uma história do tempo presente, onde se encontra um passado não muito distante.
No início dos anos 90, o Brasil era cenário de turbulentas manifestações na área da política e da economia, uma vez que depois de um grande período de ditadura o país passava para a redemocratização e a economia oscilava em inflações inesquecíveis. Nesta mesma época, ainda mais pela queda do Muro de Berlim, parte do mundo ocidental se assumia como países capitalistas baseados no regime neoliberal, sendo o Brasil um deles. Desta maneira, emergia no país a ampliação dos setores de empresas privadas como uma onda que até hoje circunda nossa economia. De acordo com as necessidades dos brasileiros causadas pelas mudanças dos “novos tempos” e com a falha estruturação do sistema governamental, vários segmentos dos setores privados surgiram como alternativas para movimentar o mercado brasileiro, entre eles estavam os planos de saúde.
Nesse contexto, encontrava-se a Santa Casa de Misericórdia de Barretos com dificuldades financeiras obtidas pela alta desproporção entre os atendimentos dos indivíduos pagantes e os não pagantes. Além disso, o problema que gerava os déficits do hospital era a baixa verba que o SUS (Sistema Único de Saúde) enviava para atender o alto número de pessoas, sendo 100% dos atendimentos da Santa Casa viabilizados pelo SUS. Deste modo, durante a provedoria de Ibraim Martins da Silva, em 1992 surgiu a ideia de criar um plano de saúde da própria Santa Casa de Barretos como mais uma alternativa de receita para o hospital, já que os valores pagos pelo SUS não sustentavam suas despesas.
“O objetivo da criação do plano de saúde era o hospital oferecer um atendimento melhor para as pessoas, porque mesmo se compararmos com os números atuais 80% dos nossos conveniados eram SUS antes. Ou seja, era necessário criar um segmento que completasse aquilo que o SUS não poderia oferecer. Essas pessoas então foram transferidas para o plano, passaram a ter um atendimento diferenciado nos consultórios e nas internações e com isso o hospital passou a receber um valor melhor do que o SUS pagava na época”, explicou Nilton.
Assim sendo, depois de pesquisas feitas em outras cidades que já possuíam planos particulares de saúde, foi contratada a empresa especializada “São Francisco Clínicas” de Ribeirão Preto para prestar consultoria na implantação do plano. Entretanto, não houve investimento inicial no plano por parte da Santa Casa, pois cinqüenta por cento da primeira mensalidade dos planos comercializados foi revertida à empresa contratada.
Em agosto de 1993 o plano de saúde ganhou sede própria, sendo o setor administrativo transferido para o prédio onde hoje é a Captação de Recursos na avenida 25. Pode-se dizer que o nascimento do Plano Santa Casa Saúde se deu nesta época e contava com a atuação exclusiva de dois funcionários que eram o gerente e a recepcionista, contratados pela própria Santa Casa já que o plano ainda não gerava receita. Somente a partir de 1997 que a situação mudou e a sede foi transferida para o prédio atual da Rua 28.
“Comecei a trabalhar no Santa Casa Saúde em 1994 e desde essa época eram vistas muitas dificuldades. A começar pelo corpo clínico, houve baixa adesão dos médicos, eram poucos aqueles que aderiram ao plano, pois eles alegavam que poderia prejudicar a produção dos consultórios. No entanto, com a habilidade da Santa Casa, aos poucos os médicos sentiram a necessidade da implantação do plano e passaram a ser credenciados, sendo hoje cento e setenta médicos aderidos”, disse Nilton. Outra dificuldade dita pelo superintendente era a falta de regulamentação dos planos de saúde no país, visto que não existiam leis específicas para o segmento. Desta maneira, muitas pessoas tinham “desconfiança” de aderir ao plano pois sentiam-se inseguras diante algo não regulamentado e sem precedentes organizacionais. Em relação a isso Nilton ressalta: “De 1999 para cá, os planos de saúde passaram a ser regulamentados e as pessoas passaram a confiar mais nestas empresas como é o caso da Santa Casa Saúde. Eu pude perceber que a marca “Santa Casa” é muito forte, porque mesmo com as dificuldades financeiras as pessoas acreditam na Santa Casa já que a conhecem há muito tempo”.
A partir de então, o Santa Casa Saúde passou a agregar cada vez mais usuários e com isso aumentar sua rede de serviços. Em julho de 2001 foi criada a farmácia privativa do Santa Casa Saúde, sendo o objetivo oferecer mais acessibilidade aos usuários diante a compra de remédios. No ano de 2002, o investimento passou a ser no plano odontológico, onde em clínica própria os conveniados podem zelar da saúde bucal. Em março de 2007, mais uma conquista se concretizou com a inauguração do Pronto Atendimento do Santa Casa Saúde anexo ao hospital. Além do mais, as campanhas preventivas em parceria com empresas privadas têm sido um dos serviços desenvolvidos pelo plano, onde funcionários de empresas recebem acompanhamento de saúde em tempos periódicos.
Por tantas adaptações e investimentos em serviços diferenciados revertidos a seus usuários, o Plano Santa Casa Saúde passou a denominar-se Grupo Santa Casa Saúde e hoje atende em cinco unidades da região: Barretos, Guaíra, Colina, Colômbia e Jaborandi. Os números comparados ao passado revelam um crescimento na aquisição do plano e uma seqüente dinamização da saúde, sendo que cada vez mais pessoas de diversas classes sociais aderem-se ao convênio. Mesmo assim, devido ao quadro sócio-econômico sustentado pela desigualdade ainda vigente no país, a Santa Casa continua com a maioria dos atendimentos via SUS, num índice de 70% contra 30% de conveniados. E são estes trinta por cento de conveniados que geram receita ao hospital e conseqüentemente completam aquilo que era dever do SUS garantir aos brasileiros.
Por fim, o Grupo Santa Casa Saúde, um departamento da Santa Casa de Misericórdia de Barretos, gerador de receita ao hospital, garante que desde sua origem seu objetivo era o melhor atendimento da Santa Casa e nos dias atuais a sua busca é pela humanização de seus usuários, pela valorização de seus prestadores e pela adaptação de seus serviços em união às necessidades da nossa sociedade.
REFERÊNCIAS: Entrevista com Nilton Celestino Ferreira no dia 17/2/2011
Nenhum comentário:
Postar um comentário