sábado, 23 de abril de 2011

NOSSO HINO, NOSSO SÍMBOLO (II)


ARTIGO PUBLICADO POR KARLA O. ARMANI NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 15 DE ABRIL DE 2011

             Na semana passada, como manda o figurino, este espaço dedicou-se a tratar sobre a origem do hino nacional e os motivos do seu dia ser 13 de abril. Pois bem, dito isso, o estudo voltou-se ao momento em que surgiu no Brasil o regime republicano e o hino ficou sem letra até que se encontrasse uma composição que enaltecesse este novo momento histórico e vigorasse as cores brasileiras. Então, quando isso aconteceu?

            A letra do hino nacional (tal como é hoje) foi escrita em 1909 pelo poeta Osório Duque-Estrada. Este, por sua vez, era um temido crítico literário, que gostava de polêmica, e no passado foi defensor da Abolição e da Proclamação da República. No governo do Presidente Epitácio Pessoa, a letra foi oficializada em 6 de setembro de 1922, isto é, um dia antes do Centenário da Independência do Brasil.

E a letra em si, no que ela se refere à independência? Ao patriotismo? A natureza do Brasil? Tudo começa com “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas/ de um povo heróico o brado retumbante”, organizando a frase: “As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heróico”. Percebe-se, então, que o sujeito da frase são “as margens plácidas”, ou seja, a paisagem foi o testemunho da independência – fazendo menção ao paraíso das riquezas naturais do Brasil. Além disso, segundo a mesma frase, quem bradou “o grito da independência” foi o povo heróico, e não Pedro I, porque a ideia era apagar o passado colonial. Outra passagem interessante é onde fala que a “pátria amada, idolatrada” é “gigante pela própria natureza (...) e o teu futuro espelha essa grandeza”. Ou seja, aquilo que os brasileiros possuíam em comum, as riquezas naturais, era o que garantia o futuro grandioso do país.
            O hino nacional tornou-se legalmente oficial somente em 1971, por meio da Lei nº 5765, no governo ditatorial de Emilio Garrastazu Médici. Nesta ocasião, sua correção ortográfica ficou ordenada conforme a “Convenção Ortográfica entre Brasil e Portugal de 1943”. Em relação à linguagem do hino, vê-se que são palavras de alto padrão cultural, onde muitos brasileiros não sabem seu significado, sendo necessário, portanto, um estudo específico nas salas de aulas das escolas.
            O hino, quando tocado, desperta emoção nos brasileiros, que se identificam como um povo vivente de uma única pátria. Um povo, no entanto, que muita desigualdade ainda tem a combater e, como bem diz o hino, o que possui em comum é o território natural brasileiro e a nacionalidade. Num passado não muito distante, o hino nacional era tocado diariamente nas escolas, como se fosse um hábito, e hoje este cenário não é visto com tamanha freqüência. Nos dias atuais, ele é considerado mais um símbolo de respeito à pátria e executado em cerimônias especiais que representam a nação brasileira diante datas comemorativas e cívicas, eventos esportivos e outros.
            Por fim, um hino que representou diversos momentos históricos do Brasil, não podia deixar de ser comemorado em uma data específica. Que o nosso hino seja melhor estudado nas escolas, encenando não um passado glorioso que não existiu, mas sim um ícone de coletividade aos brasileiros. Nosso hino, nosso símbolo.

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