ARTIGO PUBLICADO POR KARLA O. ARMANI NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 15 DE ABRIL DE 2011
A letra do hino nacional (tal como é hoje) foi escrita em 1909 pelo poeta Osório Duque-Estrada. Este, por sua vez, era um temido crítico literário, que gostava de polêmica, e no passado foi defensor da Abolição e da Proclamação da República. No governo do Presidente Epitácio Pessoa, a letra foi oficializada em 6 de setembro de 1922, isto é, um dia antes do Centenário da Independência do Brasil.
E a letra em si, no que ela se refere à independência? Ao patriotismo? A natureza do Brasil? Tudo começa com “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas/ de um povo heróico o brado retumbante”, organizando a frase: “As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heróico”. Percebe-se, então, que o sujeito da frase são “as margens plácidas”, ou seja, a paisagem foi o testemunho da independência – fazendo menção ao paraíso das riquezas naturais do Brasil. Além disso, segundo a mesma frase, quem bradou “o grito da independência” foi o povo heróico, e não Pedro I, porque a ideia era apagar o passado colonial. Outra passagem interessante é onde fala que a “pátria amada, idolatrada” é “gigante pela própria natureza (...) e o teu futuro espelha essa grandeza”. Ou seja, aquilo que os brasileiros possuíam em comum, as riquezas naturais, era o que garantia o futuro grandioso do país.
O hino nacional tornou-se legalmente oficial somente em 1971, por meio da Lei nº 5765, no governo ditatorial de Emilio Garrastazu Médici. Nesta ocasião, sua correção ortográfica ficou ordenada conforme a “Convenção Ortográfica entre Brasil e Portugal de 1943”. Em relação à linguagem do hino, vê-se que são palavras de alto padrão cultural, onde muitos brasileiros não sabem seu significado, sendo necessário, portanto, um estudo específico nas salas de aulas das escolas.
O hino, quando tocado, desperta emoção nos brasileiros, que se identificam como um povo vivente de uma única pátria. Um povo, no entanto, que muita desigualdade ainda tem a combater e, como bem diz o hino, o que possui em comum é o território natural brasileiro e a nacionalidade. Num passado não muito distante, o hino nacional era tocado diariamente nas escolas, como se fosse um hábito, e hoje este cenário não é visto com tamanha freqüência. Nos dias atuais, ele é considerado mais um símbolo de respeito à pátria e executado em cerimônias especiais que representam a nação brasileira diante datas comemorativas e cívicas, eventos esportivos e outros.
Por fim, um hino que representou diversos momentos históricos do Brasil, não podia deixar de ser comemorado em uma data específica. Que o nosso hino seja melhor estudado nas escolas, encenando não um passado glorioso que não existiu, mas sim um ícone de coletividade aos brasileiros. Nosso hino, nosso símbolo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário