ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª ESP. KARLA O. ARMANI, EM 11 DE NOVEMBRO DE 2012 NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS"
Liberdade,
liberdade!
Abra as asas sobre nós
E que a voz da igualdade
Seja sempre a nossa voz.
E que a voz da igualdade
Seja sempre a nossa voz.
Leitor
amigo, você já ouviu este refrão de música? Ele está muito conhecido
ultimamente pois é parte da abertura da novela “Lado a Lado”, da Rede Globo. A
novela trata do Rio de Janeiro durante os primeiros anos da República do Brasil
e tal música faz referência exatamente sobre esta época. Esta canção foi
samba-enredo da escola de samba “Imperatriz Leopoldinense” no carnaval de 1989;
ano em que a República brasileira completaria 100 anos de proclamação. A mesma
República que, na próxima quinta-feira, dia 15 de novembro, completará 123
anos.
Na canção “Liberdade, Liberdade, Abre as asas sobre
nós”, o tema da “República” é retratado como resultado de uma série de
acontecimentos que o antecederam. Como, por exemplo, o fato do Império no
Brasil ser uma instituição anacrônica (“O
Império decadente, muito rico, incoerente”); a Guerra do Paraguai e o Duque
de Caxias (“Da guerra nunca mais,
esqueceremos o patrono, o duque imortal”); os imigrantes europeus que
trabalharam nas lavouras de café e mais tarde nas indústrias (“A imigração floriu de cultura o Brasil”);
a Princesa Isabel e a Lei Áurea (“Pra
Isabel, a heroína, que assinou a lei divina”); a Abolição (“Negro, dançou, comemorou o fim da sina”);
e o Marechal Deodoro ter proclamado a República em 15 de novembro de 1889 (“Na noite quinze reluzunte; com a bravura
finalmente; o marechal que proclamou, foi presidente”).
O mais interessante
deste “samba-enredo”, porém, é o próprio refrão que, na verdade, é uma “nova” versão
do Hino da República do Brasil. Assim, que a República foi proclamada, já em
janeiro de 1890, o governo republicano, interessado em criar novos símbolos que
despertassem o povo para aquele recente regime político, quis criar um hino da
República brasileira. Depois de vencer o concurso para a composição de tal
hino, o político e escritor José Joaquim de Campos da Costa de Medeiros e
Albuquerque compôs a letra e o músico Leopoldo Miguez fez a melodia.
O original “Hino da República do Brasil”
então passou a ter o seguinte refrão: “Liberdade,
Liberdade, Abre as asas sobre nós! / Das lutas na tempestade / Dá que ouçamos
tua voz”. E foi exatamente esta parte que a escola Imperatriz, cem anos
depois, parafresou em uma versão nova na Sapucaí. O hino original fazia menção
também aos fatos passados como a escravidão (“Nós nem cremos que escravos outrora / Tenha havido em tão nobre país”),
as novidades republicanas como o sufrágio universal masculino (“Somos todos iguais”) e aos novos
símbolos como o “herói nacional” Tiradentes (“Sangue vivo do herói Tiradentes”).
Com a criação do Hino Nacional, em 1909,
o Hino da República foi perdendo espaço e apreciação. Fato que foi retomado um
século depois com a escola de samba “Imperatriz Leopoldinense” e agora está,
novamente, sendo revivido na novela; mesmo sendo esta uma história fictícia. Mas,
o Hino da República ainda pode ser resgatado nos dias de hoje pelas escolas,
onde as aulas de História podem utilizá-lo como fonte para o aprendizado a
respeito dos anos inciais da República brasileira. Uma República centenária e
rica em símbolos e memórias!
3 comentários:
Muito bom. Me ajudou bastante ^^
Fico feliz! Agradeço pelo retorno! Seja sempre bem vindo aqui! :)
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