ARTIGO PUBLICADO POR KARLA O. ARMANI NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 22 DE ABRIL DE 2011
22 de abril, dia oficial do descobrimento do Brasil por parte dos portugueses. Esta ideia perdurou na historiografia tradicional por muitos séculos. Mas, se pudéssemos contar a história por outro ângulo, baseado em novas interpretações? O que teríamos? Se começássemos a história pela flecha dos nativos que aqui habitavam e não pelas caravelas dos portugueses?
O perigo de contar uma história única é bastante preocupante na medida em que cria rótulos e esteriótipos a seus personagens. Foi por conta da insistência de que a história do Brasil se inicia com a chegada dos portugueses que os mesmos ficaram conhecidos por muito tempo como os heróis que trouxeram a “civilização” e os índios como meros povos passivos. Além disso, foi a história tradicional foi a responsável por centenas de anos terem se passado sem a preocupação de se estudar a pré-história brasileira. A maioria das fontes históricas que fazem menção aos nativos ameríndios foi escrita pelos próprios portugueses, por isso, são impressões carregadas inicialmente da visão do colonizador e não do próprio índio.
Ao se estudar a Pré-História brasileira, isto é, o período anterior à colonização portuguesa, deparamo-nos com inúmeras hipóteses quanto à origem dos nativos. Até pouco tempo atrás, a teoria oficial era que os nativos brasileiros eram originários das migrações que ocorreram no Estreito de Bering devido a uma era glacial, ou seja, da Ásia para a América do Norte e depois para a porção sul do continente. Entretanto, pesquisas feitas no Parque Nacional da Serra da Capivara, Estado do Piauí, realizadas pela renomada arqueóloga Niede Guidon, apontam antigos instrumentos utilizados por hominídeos no Brasil por volta de 40-60 mil anos atrás. Com isso, a teoria de que a ocupação da América obedeceu ao sentido norte-sul foi colocada em dúvida. Muitas hipóteses ainda surgirão para descobrir qual a verdadeira origem de nossos ancestrais.
Por enquanto o que se sabe é que o momento em que Portugal iniciou a colonização no Brasil, a população indígena que aqui habitava sofreu uma grave extinção. O mais interessante é que estudos contemporâneos revelaram que o principal fator de extinção não foram as guerras entre ambos os povos, e sim as doenças que os indígenas desenvolveram após a chegada dos europeus. Isso porque, anterior ao contato com os europeus, os nativos da pré-história brasileira viviam isolados e provavelmente sem a presença de animais domésticos; fatores que contribuíram para a ineficácia imune contra os micro-organismos que os destruíram. Foi a partir daí que surgiram graves doenças como a tuberculose, a varíola e a sífilis.
Enfim, é visível que o dia do descobrimento do Brasil ainda tem muito a revelar sobre o passado que o envolve, afinal não há como se estudar uma época sem conhecer seu momento anterior sob vários pontos de vistas. Porquanto, muito se tem a descobrir sobre o passado pré-colonial brasileiro e sobre seus ancestrais que certamente fazem parte da miscigenação que hoje compõe o mosaico da população brasileira. Novos “descobrimentos” ainda estão por vir.
REFERÊNCIAS: GURGEL, C. Doenças e curas. SP: Contexto, 2010.
Um comentário:
Oi Karlinha!! Deu tanta saudade que visitei seu blog! rsrsr
Eu fico muito contente de ter uma pessoa como você entre meus amigos, adorei seus ultimos artigos!! :) Big Beijo da Déia.
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