ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª KARLA O. ARMANI NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 11 DE FEVEREIRO DE 2012
O início do século XX no Brasil foi de
fato uma época de transformações, na economia ou nos hábitos do cotidiano, a
vida dos brasileiros ganhava rumos diferentes daqueles adotados até então. A
República proclamada no final do século XIX alcançava cada canto do Brasil em
diferentes momentos, seus efeitos eram sentidos pela população principalmente
em relação à modernidade. Com todas as inovações tecnológicas, científicas e
modernas, adotava-se no Brasil uma visão progressista do futuro que tinha
origem nos ares europeus. Assim, o país passava pelo período da “Belle Époque”,
isto é, o momento de modernidade urbana, política, econômica e cultural das
cidades brasileiras. Cada uma no seu tempo.
A década de 20 foi o apogeu desta
“bela época” e é denominada por muitos estudiosos como os “loucos anos 20”,
pois foi o período que mais desafiava os padrões “éticos” e “morais” daquela
sociedade estamental e tradicional que se mantinha no Brasil desde o período
colonial. A literatura sofreu um choque com o Modernismo, pois as poesias que
antes eram compostas por uma métrica formalizada, se transformaram em versos
criativos e libertos de qualquer padronização. A arte e a música também
passavam por mudanças nas suas composições, onde telas pintadas com cores mais
vivas e desenhos abstratos adentravam a sociedade em ebulição.
E quanto à sociedade, o que mudou?
As mulheres! Sim, as mulheres encurtavam as saias, cortavam seus cabelos,
tiravam os espartilhos, deixavam as luvas de lado para exibir seus esmaltes e
se embelezavam com a maquiagem. Outra inovação na vida das mulheres foi a
prática de exercícios físicos que passava a ser constante no cotidiano
feminino, como jogar tênis, nadar e pedalar. As mulheres que antes eram
exclusivamente dedicadas ao lar, abriam-se ao esporte e à moda.
Deste modo, tais mudanças podiam ser
vistas também nas composições musicais de cantoras que anunciavam o novo
comportamento do universo feminino. Como exemplo, existe a canção “Dona
Balbina” que na voz da inesquecível Carmem Miranda dizia assim: “Oh! Dona Balbina, isso assim não pode ser /
o trabalho me amofina, não nasci para sofrer! / Vou me atirar na gandaia, pois
só assim vivo bem / A vida é fogo de palha, meu ‘negô’ / E eu preciso é ‘gostá’
de alguém não é?”. Mas, como toda ação tem uma reação, outras músicas como “Tua
saia é curta” e “Futurista” de Francisco Alves criticavam as mudanças
femininas.
Como se vê, os anos 20 muito têm a
revelar sobre as inovações da “Belle Époque” em todas as esferas sociais.
Digamos que este foi o tempo que se iniciaram as principais mudanças que o país
vem sofrendo até os dias de hoje. É claro que, tudo o que foi dito nestas
poucas linhas aconteceu principalmente nos centros urbanos do país, afinal estas
transformações chegavam as mais distantes cidades brasileiras cada qual a seu tempo,
se adequando a sua história. Muito interessante os loucos anos 20!
REFERÊNCIA: Artigo de Mary Del Priore, Revista
Aventuras na História – jan/2012.
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