ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª KARLA O. ARMANI NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 04 DE MARÇO DE 2012
Este ano de 2012 é ano eleitoral e
apesar das eleições parecerem algo normal e corriqueiro na vida dos brasileiros,
a verdade é que nós temos mesmo é que comemorar e encarar este ato como um
direito conquistado pelo povo. Ao olharmos a história de nosso país nos
deparamos com uma trajetória conturbada nas esferas políticas. Quem é cidadão?
Essa pergunta foi respondida de diferentes formas na colônia, no império e nas
várias fases da República brasileira.
A respeito do período colonial,
poucas informações se têm sobre eleições. Sabe-se que existiam eleições para as
Câmaras Municipais, o voto era definido por posição social, renda e idade,
restrito a homens, mas incorporado aos analfabetos (pelo menos em determinados
períodos). Este cenário, porém, sofreu mudanças já que, a partir de 1822, o
Brasil não era mais uma colônia e precisava organizar sua máquina administrativa.
O período do império brasileiro
carrega para si o orgulho de ter criado a primeira constituição do Brasil, em
1824. É válido notar que, o primeiro projeto constitucional foi chamado
Constituição da Mandioca, porque esta previa que o voto censitário e a renda
dos candidatos fossem calculados segundo um valor que teria como referência a
renda obtida com farinha de mandioca. A constituição outorgada de fato em 1824,
autoritária e conservadora, estabelecia o voto indireto (os eleitores
votavam em um corpo eleitoral e estes elegiam os deputados) e censitário
(só podia votar cidadãos maiores de 25 anos e com renda anual de pelo menos 100
mil réis; e só podia se eleger homens com renda de pelo menos 200 mil réis
anuais). O voto censitário continuou a existir inclusive no reinado de Pedro
II, quando a Lei Saraiva (1881) aumentou a renda mínima dos eleitores de 100
mil réis para 200 mil réis anuais. Pelo menos, certos cargos como vereador,
passaram a ser eleitos de forma direta.
A República que tanto falava da
democracia e da cidadania também não foi diferente com a exclusão de
determinadas parcelas da população. Somente homens, maiores de 21 anos e
alfabetizados poderiam votar; haja vista que o voto censitário chegava ao fim.
Mulheres, militares não oficias, padres e analfabetos ficavam de fora da vida
eleitoral. As mulheres conquistaram o direito ao voto somente em 1932 e, nesta
mesma época, o voto tornou-se obrigatório com idade mínima de 18 anos. Os
analfabetos só foram inclusos no sistema eleitoral no ano de 1985! O mais
interessante é que o voto secreto só se tornou oficial no Brasil a partir dos
anos 50, mesmo a Justiça Eleitoral existir desde a década de 30! As urnas
eletrônicas só surgiram em 1996.
Datas e acontecimentos como estes
nos fazem pensar a respeito de como é historicamente importante o nosso direito
de votar. Não é algo corriqueiro e normal, é a expressão máxima de exercer a
cidadania, que foi negada a tantos e por tanto tempo. Que o eleitorado
brasileiro cresça e se conscientize cada vez mais!
REFERÊNCIA:
Revista Aventuras na História, out./2010.
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