ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª KARLA O. ARMANI NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 22 DE ABRIL DE 2012
Há três semanas atrás, escrevi um artigo dizendo que a primeira fase do jornal “Diário de Barretos” aconteceu em 1906. Um erro. Sua primeira fase surgiu no ano de 1917 e tinha como redator chefe Osório Rocha e gerente Jesuíno Ferraz. Como maneira de corrigir esta informação, gostaria de falar mais sobre este jornal que, apesar de ter durado pouco tempo (cem dias), fez parte da história da imprensa barretense. Uma imprensa pujante para a época.
Ao analisar os dados colhidos por Osório
Rocha, em seu livro “Barretos de Outrora” (1954), vê se que durante os anos
1900 e a década de 10 e 20 em Barretos foram lançados aproximadamente trinta e
três jornais ou folhas periódicas. É um número bastante expressivo para uma
época que a luz elétrica estava para chegar, a ferramenta dos escritores eram
as pesadas máquinas de datilografar (mas, muito eficientes) e as oficinas de
jornais ainda funcionavam na base tipográfica.
Esta “era de ouro” da imprensa, se assim
podemos chamá-la, é caracterizada pelo regime republicano que vigorava até
então. Um sistema político que há pouco tempo tinha se instalado no país, mas
que possuía uma necessidade avassaladora de modernizar e “civilizar” cada canto
desse Brasil. E dentre estes planos civilizatórios estava a disseminação da
imprensa, que era uma instituição moderna, que levava a comunicação entre os
homens e ligava-os politicamente. Não é a toa, portanto, que o jornal “Diário
de Barretos”, de 1917, possuía abaixo de seu título a inscrição “Orgam do Partido Republicano”.
Acontece que, além dos vieses
políticos e dos escândalos da questão da água e esgoto esboçada no jornal
“Diário de Barretos”, este jornal sutilmente nos informa aspectos da vida
“moderna” que adquiria formas no cotidiano barretense. Faço menção as
propagandas e anúncios que ali eram publicados, que hoje podem nos ser úteis
como fontes históricas. Anúncios de médicos, dentistas, advogados e professores
marcavam todas as edições do jornal, o que nos mostra como as profissões
liberais se disseminavam cada vez mais por estas bandas. Propagandas de casas
comerciais como a “Novo Mundo”, que
vendia tecidos finos como seda, tafetá e crepes da China; e a “Casa Vassimon” que se dedicava aos
produtos de “cosméticos”, como loções, sabonetes, pós de arroz, cremes. Estas
propagandas sugerem como as classes abastadas e capitalistas de Barretos no
início do século XX cada vez mais se aproximavam dos “modernos hábitos”, com as
vestimentas da moda e o uso de produtos de higiene.
São tantos os anúncios e propagandas
do jornal que nos dão pistas de como seria viver em Barretos no passado. Ao
menos chegamos perto dessa visão graças à preservação destes jornais, que são
preciosos como fontes históricas. Que sempre os preservemos.
Fonte: Acervo digital de jornais do Museu “Ruy
Menezes”.
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