segunda-feira, 30 de abril de 2012

DIÁRIO DE BARRETOS: FONTE HISTÓRICA


ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª KARLA O. ARMANI NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 22 DE ABRIL DE 2012


            Há três semanas atrás, escrevi um artigo dizendo que a primeira fase do jornal “Diário de Barretos” aconteceu em 1906. Um erro. Sua primeira fase surgiu no ano de 1917 e tinha como redator chefe Osório Rocha e gerente Jesuíno Ferraz. Como maneira de corrigir esta informação, gostaria de falar mais sobre este jornal que, apesar de ter durado pouco tempo (cem dias), fez parte da história da imprensa barretense. Uma imprensa pujante para a época.

            Ao analisar os dados colhidos por Osório Rocha, em seu livro “Barretos de Outrora” (1954), vê se que durante os anos 1900 e a década de 10 e 20 em Barretos foram lançados aproximadamente trinta e três jornais ou folhas periódicas. É um número bastante expressivo para uma época que a luz elétrica estava para chegar, a ferramenta dos escritores eram as pesadas máquinas de datilografar (mas, muito eficientes) e as oficinas de jornais ainda funcionavam na base tipográfica.
Esta “era de ouro” da imprensa, se assim podemos chamá-la, é caracterizada pelo regime republicano que vigorava até então. Um sistema político que há pouco tempo tinha se instalado no país, mas que possuía uma necessidade avassaladora de modernizar e “civilizar” cada canto desse Brasil. E dentre estes planos civilizatórios estava a disseminação da imprensa, que era uma instituição moderna, que levava a comunicação entre os homens e ligava-os politicamente. Não é a toa, portanto, que o jornal “Diário de Barretos”, de 1917, possuía abaixo de seu título a inscrição “Orgam do Partido Republicano”.
            Acontece que, além dos vieses políticos e dos escândalos da questão da água e esgoto esboçada no jornal “Diário de Barretos”, este jornal sutilmente nos informa aspectos da vida “moderna” que adquiria formas no cotidiano barretense. Faço menção as propagandas e anúncios que ali eram publicados, que hoje podem nos ser úteis como fontes históricas. Anúncios de médicos, dentistas, advogados e professores marcavam todas as edições do jornal, o que nos mostra como as profissões liberais se disseminavam cada vez mais por estas bandas. Propagandas de casas comerciais como a “Novo Mundo”, que vendia tecidos finos como seda, tafetá e crepes da China; e a “Casa Vassimon” que se dedicava aos produtos de “cosméticos”, como loções, sabonetes, pós de arroz, cremes. Estas propagandas sugerem como as classes abastadas e capitalistas de Barretos no início do século XX cada vez mais se aproximavam dos “modernos hábitos”, com as vestimentas da moda e o uso de produtos de higiene.
            São tantos os anúncios e propagandas do jornal que nos dão pistas de como seria viver em Barretos no passado. Ao menos chegamos perto dessa visão graças à preservação destes jornais, que são preciosos como fontes históricas. Que sempre os preservemos.

Fonte: Acervo digital de jornais do Museu “Ruy Menezes”.

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