segunda-feira, 30 de abril de 2012

MARCHINHAS DE CARNAVAL

ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª KARLA O. ARMANI NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 19 DE FEVEREIRO DE 2012



“Ô abre alas que eu quero passar.
Eu sou da Lira, não posso negar.
Rosas de Ouro é quem vai ganhar!”
(Chiquinha Gonzaga)
            São raras as pessoas, mesmo nos dias de hoje, que não conhecem esta música, ou melhor, marchinha de carnaval. Já se passou mais de um século desde sua composição e ela ainda é relembrada em todos os carnavais. Fato como este nos leva a entender que o carnaval dos tempos antigos se tornou inesquecível na sociedade. Por mais raras que sejam as marchinhas de carnaval nos dias hoje, elas teimam em voltar e rememorar os tempos dos cordões e blocos de carnaval do passado.
            Acostumados com os sambas-enredo e com os impressionantes carros alegóricos que desfilam nos principais sambódromos do Rio de Janeiro e São Paulo, nós que aqui vivemos nos tempos de agora, sequer imaginamos a cultura popular que as marchinhas de carnaval propagaram em algumas cidades brasileiras entre os anos 20 e 60. Por isso, comemorar o carnaval não é só festejar ou dançar, este pode ser um momento de “memorarmos”, isto é, trazer de volta à memória os tempos em que o carnaval era uma festa popular, com composições musicais rítmicas (e algumas até críticas) que alegravam os desfiles preparados por alunos e professores de escola e composto por foliões que vestiam fantasias que muito tinham a revelar de sua época e de sua história.
            O verso que encima este texto foi considerado a primeira marchinha de carnaval da história. A pedido do Cordão da Rosa de Ouro, a marchinha “Ô Abre Alas” foi composta pela pianista carioca Chiquinha Gonzaga (1847-1935) ainda no século XIX. Os cordões eram grupos de foliões que, na época do carnaval, invadiam as ruas do Rio de Janeiro mascarados e fantasiados de reis, rainhas, princesas, pierrô, colombinas, índios, palhaços, baianas e etc. No final da década de 10, os cordões se transformaram nos blocos de carnavais e o mais antigo deles é o Cordão do Bola Preta, que ainda existe na capital carioca.
            Mas, não é só no Rio de Janeiro que os blocos e as marchinhas carnavalescas faziam sucesso no início do século XX. Barretos, já na década de 30, possuía como instituição a “Sociedade Beneficente e Recreativa Estrela do Oriente” (hoje o clube já conta com 76 anos de fundação!). A “Estrela do Oriente” era famosa na cidade por contribuir notavelmente como os festejos carnavalescos de Barretos e ornamentar as ruas com o seu principal bloco: “O Carvão Nacional”. Nas palavras do escritor barretense Ruy Menezes em 1954 vê-se a importância do bloco: “O Carvão Nacional, já coberto de glórias e tradições, dá as ruas de Barretos a indispensável movimentação durante as festas de Momo”.
            Por fim, seja onde for e em qualquer época, as marchinhas de carnaval sempre serão rememoradas pela cultura popular!

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