ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª KARLA O. ARMANI NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 19 DE FEVEREIRO DE 2012
“Ô abre alas que
eu quero passar.
Eu sou da Lira,
não posso negar.
Rosas de Ouro é
quem vai ganhar!”
(Chiquinha
Gonzaga)
São raras as pessoas, mesmo nos dias
de hoje, que não conhecem esta música, ou melhor, marchinha de carnaval. Já se
passou mais de um século desde sua composição e ela ainda é relembrada em todos
os carnavais. Fato como este nos leva a entender que o carnaval dos tempos
antigos se tornou inesquecível na sociedade. Por mais raras que sejam as marchinhas
de carnaval nos dias hoje, elas teimam em voltar e rememorar os tempos dos
cordões e blocos de carnaval do passado.
Acostumados com os sambas-enredo e
com os impressionantes carros alegóricos que desfilam nos principais
sambódromos do Rio de Janeiro e São Paulo, nós que aqui vivemos nos tempos de
agora, sequer imaginamos a cultura popular que as marchinhas de carnaval
propagaram em algumas cidades brasileiras entre os anos 20 e 60. Por isso, comemorar
o carnaval não é só festejar ou dançar, este pode ser um momento de
“memorarmos”, isto é, trazer de volta à memória os tempos em que o carnaval era
uma festa popular, com composições musicais rítmicas (e algumas até críticas)
que alegravam os desfiles preparados por alunos e professores de escola e
composto por foliões que vestiam fantasias que muito tinham a revelar de sua
época e de sua história.
O verso que encima este texto foi
considerado a primeira marchinha de carnaval da história. A pedido do Cordão da
Rosa de Ouro, a marchinha “Ô Abre Alas” foi composta pela pianista carioca
Chiquinha Gonzaga (1847-1935) ainda no século XIX. Os cordões eram grupos de
foliões que, na época do carnaval, invadiam as ruas do Rio de Janeiro mascarados
e fantasiados de reis, rainhas, princesas, pierrô, colombinas, índios,
palhaços, baianas e etc. No final da década de 10, os cordões se transformaram
nos blocos de carnavais e o mais antigo deles é o Cordão do Bola Preta, que
ainda existe na capital carioca.
Mas, não é só no Rio de Janeiro que
os blocos e as marchinhas carnavalescas faziam sucesso no início do século XX.
Barretos, já na década de 30, possuía como instituição a “Sociedade Beneficente
e Recreativa Estrela do Oriente” (hoje o clube já conta com 76 anos de
fundação!). A “Estrela do Oriente” era famosa na cidade por contribuir
notavelmente como os festejos carnavalescos de Barretos e ornamentar as ruas
com o seu principal bloco: “O Carvão Nacional”. Nas palavras do escritor
barretense Ruy Menezes em 1954 vê-se a importância do bloco: “O Carvão Nacional, já coberto de glórias e
tradições, dá as ruas de Barretos a indispensável movimentação durante as
festas de Momo”.
Por fim, seja onde for e em qualquer
época, as marchinhas de carnaval sempre serão rememoradas pela cultura popular!
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