ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª KARLA O.
ARMANI NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 21 DE JANEIRO DE 2012
Leitor amigo, concorda que tudo que é
exagerado pode enjoar? É neste pensamento que proponho uma reflexão sobre a
poluição visual da cidade. Quando caminhamos no centro de Barretos, percebemos
que se alguém quiser encontrar uma loja, terá que se distanciar um pouco da
fachada para conseguir identificá-la. Isto porque os letreiros de publicidade
das lojas são tão grandes e coloridos que confundem nossas vistas e, de certo
modo, as “polui”. Isto acontece porque o comércio cresce demasiadamente (o que
é bom para a economia), mas não tem uma conduta legal a ser seguida sobre como
lidar com a visibilidade de sua propaganda. O mais interessante deste assunto é
o que está por trás destes letreiros, aquilo que tenta ser apagado, mas que
está ali, mudo e resistente. Refiro-me as belíssimas fachadas dos prédios
antigos do centro da cidade que estão escondidas atrás dos grandes letreiros
das lojas, sendo que poderiam estar sendo aproveitadas tanto para o comércio,
quanto para sua propaganda.
É claro que este assunto exige
maiores conhecimentos e não sou especialista em publicidade, comércio e
legislação, mas sugiro uma reflexão inicial para que comerciantes e comunidade
possam desfrutar daquilo que está por trás destes letreiros: os patrimônios
históricos. Ao andar pelas ruas do centro de Barretos, deparamo-nos com belos
prédios que foram construídos ainda na primeira metade do século XX, ou seja, numa
época em que, arquitetonicamente falando, Barretos era cenário de um moderno
centro urbano. Nesse sentido, negar essa história escondendo as fachadas dos prédios
daquela época é, no mínimo, um desleixo com o passado que tanto prosperou e
fechar as portas para um turismo que poderia crescer.
Em 2007, na capital paulista, foi
instituída pelo prefeito Gilberto Kassab a “Lei Cidade Limpa” que tinha por
missão regulamentar e padronizar os painéis de propaganda e, consequentemente,
contribuir para o declínio da poluição visual que assolava São Paulo. Tal lei
proibiu a colocação de anúncios publicitários nos imóveis públicos e privados,
edificados ou não; e os letreiros das lojas deveriam ser proporcionais às
fachadas. Nesses últimos tempos, tal lei foi oficializada em cidades do
interior paulista e chegou a nossa vizinha Ribeirão Preto, que, com alguns
ajustes, também adotou a lei para diminuir a poluição visual e preservar seu
patrimônio arquitetônico. O interessante de Ribeirão Preto é que será cobrada
uma multa de no mínimo R$ 10 mil reais pelo descumprimento da lei.
Segundo manifestações das redes
sociais da internet, a Lei Cidade Limpa já foi cogitada em Barretos, mas não
chegou a ser adotada. Uma pena. Quantos prédios do centro de Barretos terão de
ser demolidos para autoridades tomarem uma providência? Pois a cada dia que
passa, mais demolições da nossa história estão vindo à tona. A reflexão sobre
isso gira em torno de uma pergunta muito simples: o que Barretos teria para
oferecer de diferente a sua comunidade e a seus turistas sem os seus prédios
antigos? Com um centro contido por grandes letreiros e anúncios de publicidades
seríamos somente mais uma cidade comercial. Precisamos resgatar aquilo que nos
particulariza, aquilo que nos identifica, a nossa memória. Pensemos, a
comunidade clama por isso.
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