quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

IRMÃ ANGÉLICA: UMA VIDA JUNTO AO HOSPITAL

ARTIGO PUBLICADO POR KARLA O. ARMANI NA REVISTA "AÇÃO E VIDA" DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE BARRETOS - 9/1/2011

Recordar é viver. Neste lema, a Irmã Angélica, tão conhecida por todos na Santa Casa de Barretos, demonstra sua vivacidade quando revela suas recordações sobre o trabalho das Irmãs Franciscanas no hospital. Lembranças de um tempo bom.

                Irmã Maria Angélica de Oliveira, este é o seu nome religioso, uma irmã que iniciou seu trabalho no “Hospital da vida” há quase cinquenta anos e hoje se dedica às preces aos doentes e a assistência às crianças carentes, ficando contentíssima quando recebe doações de roupinhas para suas crianças. Foi no mês de setembro deste ano homenageada pela Santa Casa de Misericórdia em um coquetel realizado no Grêmio Literário e Recreativo de Barretos, sendo muito aplaudida por todos. Uma noite festiva que abrilhantou os trabalhos da irmã religiosa.
Por que tamanha repercussão? Porque a Irmã Angélica, como é conhecida, é uma das funcionárias que mais conviveu junto à Santa Casa, acompanhou muitas de suas mudanças e ainda permanece no hospital diariamente. Por quase cinquenta anos, sua vida foi unida à Santa Casa de Barretos.
                Em entrevista, Irmã Angélica contou que nasceu em 1922 na cidade de Angatuba, interior de São Paulo, e tempos depois mudou-se com a família para Ibirá. Conheceu a vida religiosa e congregou-se na “Ordem das Irmãs Franciscanas da Imaculada Conceição” em Araraquara nos anos 50. A Ordem das Irmãs Franciscanas tem sede na Áustria, onde carinhosamente suas congregadas brasileiras chamam-na de “Casa Mãe”. A vida das Irmãs Franciscanas sempre foi voltada aos serviços de caridade, principalmente aqueles ligados à saúde pública; desta maneira, a Irmã Angélica fez em São Paulo um curso de Enfermagem e especialização em centro cirúrgico. Depois disso, a religiosa trabalhou em hospitais de São José do Rio Preto, Catanduva e Olímpia angariando mais experiências em suas especialidades.
                “Cheguei a Santa Casa de Barretos em 1963, a Madre Superiora era a saudosa Irmã Celeste, tão inteligente, éramos em quase dezoito irmãs e eu cuidava do Centro Cirúrgico e fazia trabalhos na Sala de Parto também”, explica Irmã Angélica. Até os dias de hoje, os médicos do hospital lembram-se da atuação da Irmã no Centro Cirúrgico, onde ela trabalhou por vinte e cinco anos auxiliando-os nas cirurgias e recorda que: “O Centro Cirúrgico era pequeno, no andar térreo, tinha somente duas salas, uma para criança e outra para adulto”. Irmã Angélica explica que cada irmã trabalhava em um departamento do hospital e ela, por ter feito curso de Enfermagem, muitas vezes dava aulas para as demais enfermeiras. Segundo suas lembranças “tinha muito trabalho, eu ficava no hospital o dia todo e às vezes tinha chamado de madrugada e às sete da manhã eu tinha que estar lá de volta”.
                Quando começamos a falar sobre o aspecto da Santa Casa de Barretos, Irmã Angélica lembrou que quando ela chegou a Barretos e iniciou seus trabalhos no hospital, o pavilhão ao lado da rua 30 ainda estava sob construção, o provedor era Husseim Gemnha e de lá para cá muitas mudanças aconteceram. Ela lembra ainda dos provedores que se sucederam, como exemplo, João Batista da Rocha, que começou a construção da lavanderia e Ibraim Martins da Silva, recordando: “que homem bom foi o sr. Ibraim para a Santa Casa”.
                De todas as lembranças, talvez a mais espetacular é a da Capela de Santa Isabel, que ficava onde hoje é o Raio-X. Segundo as evidências, aquela Capela construída em 1932 de belíssima arquitetura, ainda estava em pé quando a Irmã Angélica conheceu pela primeira vez a Santa Casa de Barretos. “Era uma bela Capela, não me lembro de detalhes como ela era por dentro, mas teve de ser derrubada para aumentar o espaço do hospital e construir o Raio-X. Então, a Capela de Santa Isabel passou para o 1º andar do prédio velho onde se encontra até hoje”, salienta a Irmã.
                A saudade começou a apertar quando a Irmã Angélica passou a ver os antigos álbuns de fotografias e lembrar das festividades e da amizade entre as Irmãs Franciscanas. Foram resgatadas do passado a Irmã Celeste, Irmã Maria do Carmo, Irmã Brígida, Irmã Uda, Irmã Hermínia, Irmã Fátima e tantas outras que despertaram a emoção da Irmã Angélica.  “Era um tempo tão bom, trabalhávamos bastante e algumas vezes nos reuníamos para festejar os aniversários onde hoje é o refeitório dos funcionários”, diz a Irmã.  Muito satisfeita de resgatar suas lembranças através das fotografias, Irmã Angélica se sentiu feliz em rever os antigos funcionários do hospital e poder contribuir com a construção da história da Santa Casa por meio de suas sutis memórias.
                Enfim, a Irmã Angélica que muito amor revela pela vida e é um dos exemplos que o comprometimento com a caridade e com a assistência social não possui idade e nem prazo de validade. Uma história, uma vida, um hospital!

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