quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

VOVÔ...

ARTIGO PUBLICADO POR KARLA O. ARMANI NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 7 DE JANEIRO DE 2011.



Das lembranças que eu trago na vida você é a saudade que eu gosto de ter...

(Roberto Carlos)

            Às vezes fico a pensar... Qual é a maior felicidade que um homem pode ter? O que um homem tem que fazer para sentir que o seu dever na Terra foi cumprido? Então, a primeira coisa que me vem à cabeça como resposta é a possibilidade oferecida a alguns homens de ser avô. Sim, porque é a chance que a vida oferece de ser pai duas vezes, de amar no sentido mais profundo, de cuidar do jeito mais solene e de criar seu descendente de maneira que dentro dele viva um pouco de você. Trata-se, pois, de um ato eterno de recriar e preservar a si mesmo dentro de quem se ama. E, assim, sinto que meu avô foi feliz, sublimemente feliz.
            Antonio Ribeiro de Oliveira. Antes de ser avô, era um travesso menino que nasceu aqui mesmo em Barretos, no dia 4 de julho de 1940, filho de um casal de Geraldos, isto é, o pai Geraldo e a mãe Geralda. Ainda menino, estudou no 2º Grupo Escolar, hoje E.E. “Cel. Almeida Pinto”, onde até hoje seus registros de notas permanecem guardados na escola. Aos trezes anos sofreu um acidente com a mão, mas nada que o impedisse de conquistar as alegrias de uma vida inteira lograda pelo trabalho árduo.
            Com apenas dezenove anos, traçou seu destino com a amada Joanita quando se conheceram e se apaixonaram no sertão goiano. Como não tinham alternativas, já que o pai da moça não aceitava o romance dos dois, fugiram juntos em uma viagem de volta a Barretos e em 30 de janeiro de 1960 se casaram. Ao longo de sete anos tiveram seis filhos e viveram muito felizes em uma vida modesta, onde, conforme a situação financeira melhorava, um cômodo da casa era construído.
            Acontece que os seus seis filhos lhes retribuíram quinze netos e três bisnetos e aí entra em cena o maior e melhor dom de Antonio: ser avô! Com ele os netos aprenderam que ser avô é valorizar a família, admirá-la e fazer questão de reunir a todos em almoços aos domingos. Além disso, ensinou que ser avô é saber contar histórias e dividi-las da maneira mais contagiante possível, pois são histórias reais vivenciadas em tempos que não voltam mais. (Ele contava histórias sobre o velho Bagaço como ninguém...).
            Antonio demonstrou a todos que ser avô é amar, cuidar e criar seus descendentes do modo mais simples e completo, ou seja, com carinho. Mostrou, enfim, que entre a vida e a morte existe a lembrança de um homem que soube cumprir dignamente sua missão: ser o melhor avô do mundo!
            Esta é uma singela homenagem de uma neta que não soube pensar em outra coisa a não ser na saudade de seu avô.

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