ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 23 DE FEVEREIRO DE 2021 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS
São Simão, de 196 anos, cidade
antiga próxima a Ribeirão Preto, em sua História viveu ondas epidêmicas de Febre
Amarela que assolaram a população entre 1896 a 1905. O município fazia parte do
roteiro do oeste paulista cafeeiro, era uma vila próspera com imensas fazendas
de café, trabalhadores italianos, mineiros e fluminenses. Possuía estação
ferroviária para transporte de sua atividade econômica e de passageiros, sendo
essa a principal via de contaminação e propagação da doença.
Em 1896 teve o primeiro e mais
assustador surto; dos 4000 habitantes, 800 morreram. 1/5 da população morta! A
grande quantidade de doentes e de mortos aliada ao medo do contágio repercutiram
na criação de um cemitério distante, no distrito de Bento Quirino. Ali perto, abriu-se
um hospital para abrigar os doentes, o Lazareto. A população não conhecia a
doença e a sua transmissão, apesar dos surtos em Campinas e Sorocaba. Naquele
hospital, atuavam um destemido ex-escravizado, Benedito Geraldo, que levava os
mortos de lá para o cemitério, e o médico José Vieira Neto Leme. Foi este
médico quem denunciou ao governo do estado a calamidade na cidade, uma vez que
os vereadores e o Intendente tentavam esconder e negar a realidade temendo uma
desvalorização das terras e a perda do poder político. (Conhecem essa
história?). Foi então que, o governo estadual enviou à funesta São Simão o
sanitarista Emílio Ribas, que, depois de experimentos na população, verificou
que a transmissão não se dava pelos fluídos e sim pelo mosquito Aedes Aegypti.
Esses estudos chamaram a atenção do sanitarista Oswaldo Cruz no Rio de Janeiro,
cidade também arrasada pela Febre, e contribuíram para o sucesso da vacina em
1907.
Não é surpreendente dizer que, pelo negacionismo político, São Simão deflagrou-se no desenvolvimento, pois parte da população foi morta e outra fugiu para cidades como Ribeirão Preto (que tanto prosperou com o mesmo café). Foi a Febre ou a ignorância política que exauriu a cidade? É de se pensar, no presente, inclusive.
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