segunda-feira, 31 de maio de 2021

Jornalistas e a Política (Parte II)

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 20 DE ABRIL DE 2021 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS  

            Foi em 15 de agosto de 1947 o crime contra a vida do jornalista José Eduardo de Oliveira Menezes, que, além de ser diretor do jornal Correio de Barretos, era pai e esposo. Um crime que chocou a cidade, já que havia a esperança do redator sobreviver, porém, no dia 21, ele não resistiu. As fotos do seu funeral revelam a importância do jornalista na cidade, visto a quantidade de pessoas e homenagens.

            José Eduardo mostrava-se como um jornalista preocupado com o memorialismo, produzindo em seu “Correio de Barretos” séries de biografias e notas sobre os tempos idos. Teve uma importante passagem pelo Grêmio Literário e Recreativo, revelando-se como um dos pioneiros na criação de uma história da cidade e era um eterno admirador da arte da sua irmã, a pianista Haydée Menezes (cuja carreira promissora foi interrompida pelo luto do irmão). Foi autor do livro “Caretas do Zé Menêis e outros bichos careteiros”, de 1933, onde expôs 50 caricaturas de personalidades da cidade em enigmas bem-humorados. Por ali já se notava seu ar polêmico, satírico e político.

            O assassinato de José Eduardo, assim como os atentados contra outros jornalistas no começo do século XX, traduzem o aparelhamento político e a violência extrapolada que perdurou por décadas em Barretos. Por outro lado, a grande quantidade de jornais circulantes na cidade e a relativa duração deles, mostram que o jornalismo resistiu; apesar de tantos pesares. Mesmo tais jornalistas serem carregados de intenções políticas, era pelo jornal que chegavam as notícias do país e do mundo, as opiniões novas, os folhetins literários, as instruções sanitárias, os editais públicos, enfim, uma gama de novidades que tentavam se sobrepor ao tradicionalismo dos ares pura e secamente sertanejos.

            Os jornais antigos têm muito ainda a nos anunciar, a começar pelos personagens que os produziam, os jornalistas. Amareladas e empoeiradas, aquelas páginas - outrora datilografadas por eles - esperam muito de nós. (fim).

 

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