ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 20 DE ABRIL DE 2021 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS
Foi em 15 de agosto de 1947 o crime
contra a vida do jornalista José Eduardo de Oliveira Menezes, que, além de ser
diretor do jornal Correio de Barretos, era pai e esposo. Um crime que chocou a
cidade, já que havia a esperança do redator sobreviver, porém, no dia 21, ele
não resistiu. As fotos do seu funeral revelam a importância do jornalista na
cidade, visto a quantidade de pessoas e homenagens.
José Eduardo mostrava-se como um
jornalista preocupado com o memorialismo, produzindo em seu “Correio de Barretos”
séries de biografias e notas sobre os tempos idos. Teve uma importante passagem
pelo Grêmio Literário e Recreativo, revelando-se como um dos pioneiros na
criação de uma história da cidade e era um eterno admirador da arte da sua
irmã, a pianista Haydée Menezes (cuja carreira promissora foi interrompida pelo
luto do irmão). Foi autor do livro “Caretas do Zé Menêis e outros bichos
careteiros”, de 1933, onde expôs 50 caricaturas de personalidades da cidade em
enigmas bem-humorados. Por ali já se notava seu ar polêmico, satírico e
político.
O assassinato de José Eduardo, assim
como os atentados contra outros jornalistas no começo do século XX, traduzem o
aparelhamento político e a violência extrapolada que perdurou por décadas em
Barretos. Por outro lado, a grande quantidade de jornais circulantes na cidade
e a relativa duração deles, mostram que o jornalismo resistiu; apesar de tantos
pesares. Mesmo tais jornalistas serem carregados de intenções políticas, era
pelo jornal que chegavam as notícias do país e do mundo, as opiniões novas, os
folhetins literários, as instruções sanitárias, os editais públicos, enfim, uma
gama de novidades que tentavam se sobrepor ao tradicionalismo dos ares pura e
secamente sertanejos.
Os jornais antigos têm muito ainda a
nos anunciar, a começar pelos personagens que os produziam, os jornalistas.
Amareladas e empoeiradas, aquelas páginas - outrora datilografadas por eles - esperam
muito de nós. (fim).
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