segunda-feira, 31 de maio de 2021

SÁBIO DR. LEX!

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 2 DE FEVEREIRO DE 2021 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS      

 “Tenho notado que os habitantes desta cidade e de toda a comarca, são em geral, refractarios à vaccinação preventiva contra a varíola (bexigas) e o são, estou certo, por não terem tido ocasião de presenciar epidemias ou casos isolados dessa terrível doença.” (O Sertanejo, Barretos/SP, 9/6/1901, p. 1 – grafia da época). 

            As palavras acima são do médico Mathias Lex, que, aos 75 anos, contratado pela Câmara Municipal de Barretos, havia se fixado na cidade para liderar uma campanha de vacinação da varíola. Em 1901, no governo paulista, a Saúde era administrada pelo Serviço Sanitário do Estado, e, este, registrando casos de varíola, orientou que os municípios iniciassem campanhas de vacinação para evitar surtos e epidemia.

O Dr. Lex, no alto de sua experiência, ia à imprensa relatar o quanto a população barretense pouco aderiu à vacinação, que ocorria nas dependências da Câmara Municipal. Numa população em média de 5000 pessoas, somente 112 se vacinaram em um mês, sendo somente 5 adultos. Para melhor explicar sobre a vacina, o jornal O Sertanejo propagava que a linfa vacínica era pura, fresca e indolor. O dr. Lex, ainda, deixava claro que a baixa adesão era porque a população ainda não havia presenciado uma epidemia. Lembrando que nos anos de 1900, no Brasil, foram criados importantes institutos como o Butantan e a FioCruz e ocorreram surtos epidêmicos graves e até uma revolta na população carioca contra a compulsoriedade da vacinação (em 1904).

Exatos 120 anos se passaram da frase do dr. Lex, e cá estamos vivendo uma pandemia (pior ainda!), onde, no Brasil, dois tipos de vacinas começaram a ser disponibilizados para minorar os efeitos de um vírus mortal. Porém, mais de um século depois, ainda existem pessoas que se recusam em compreender os benefícios da vacina; mesmo vivendo o tempo real da pandemia e a vacina em situação emergencial. Sábio dr. Lex, ainda bem que cá não está para ver esse tipo de comportamento do “futuro”.

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