ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 24 DE FEVEREIRO DE 2021 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS
Sempre que viajo pela Rodovia
Armando de Sales Oliveira, entre Pitangueiras e Sertãozinho, pelo lado direito,
vejo o Rio Mojiguaçu em sua imensidão e sobre ele uma ponte de ferro em arcos.
A ferrugem da ponte revela que a sua vida é longeva, despertando curiosidade
nos olhos desta historiadora. Se trata de uma ponte com trilhos de trem,
inativa, que resiste calada sobre o curso do “grande rio das cobras”.
Calcule a surpresa, portanto,
quando, dias atrás, me deparei com uma foto da “dita cuja” da ponte na Revista
“Vida Moderna”, publicada na capital paulista, em 24 de fevereiro de 1921; isto
é, há 100 anos! É claro que os 100 anos são pura coincidência (ou não?), mas a
foto estampada na revista de alta circulação dizia sobre a ponte: “A
comunicação natural entre a zona de Ribeirão Preto e Sertãozinho, e a zona de
Pitangueiras, Bebedouro, Barretos, Jaboticabal, Collina, etc. e a que passa
pela cidade de Pitangueiras, atravessando a ponte que acima reproduzimos, sobre
o rio Mogy-Guassú, na estação da Passagem, da Estrada de Ferro Paulista”.
A publicação tornou nítida a
importância da ponte naquele começo do século XX como um meio de tecnologia,
comunicação e transporte entre as zonas econômicas paulistas, ao menos da
região nordeste de São Paulo. Ribeirão Preto já era uma cidade próspera na
cultura cafeeira e Pitangueiras não ficava distante, sendo também uma região
produtora do “ouro verde”. Aliás, Pitangueiras surgiu no alvorecer do século XIX
a partir dos pousos que se estabeleceram na margem esquerda do Mogi, onde eram
guarnecidos os tropeiros que trafegavam com suas mulas em cima de balsas
atravessando o rio e carregando mercadorias entre Goiás/Minas e São Paulo/sul.
Evidente que nessa época a ponte não existia, ela representou a modernidade do
trem, substituto gradual das balsas e das tropas; o que também denota o seu
valor histórico.
Interessante como uma imensa ponte enferrujada pode contar tanto sobre o passado de toda a região. Se tem uma ponte e um rio, tem História.
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