sábado, 29 de setembro de 2012

80 ANOS DA REVOLUCÃO CONSTITUCIONALISTA DE 1932

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 8 DE JULHO DE 2012 PELA PROFª KARLA O. ARMANI


            A memória paulista relembra neste ano os oitenta anos da Revolução Constitucionalista de 1932, que se iniciou em 9 de julho e terminou em 2 de outubro do mesmo ano. Durante todos os anos que se sucederam à revolução de 1932, recordações e homenagens aos soldados constitucionalistas têm tido espaço no mês de julho. O “9 de julho” foi por tantas vezes aclamado um dia de “glória” a São Paulo que até se tornou a “Data Magna” do estado. A história da “Revolução de 1932”, ao longo destes oitentas anos, foi escrita de maneiras diferentes e seria interessante rever algumas delas.
Por vezes, encontram-se autores que relatam a “Revolução Constitucionalista” de 1932 como um fato marcante na história paulista e adjetivado de glórias, conquistas e sentimentos de superioridade perante os outros estados. Isto se fez, principalmente, através do discurso “bandeirante” que foi muito utilizado nas décadas de 30 a 50. Para uns, o início da revolução era o retorno da era bandeirante, quando São Paulo adentrou o interior do Brasil para povoá-lo e, por isso, teria sido o estado responsável pelo desenvolvimento do país. Como a revolução de 1932 tinha como lema a “reconstitucionalização” do Brasil, era como se, novamente, São Paulo tivesse lutando em nome de uma causa maior, do bem comum ao país.
Sobre o acontecimento de 1932, existem muitas dissertações, teses e monografias atuais a respeito do desenrolar da revolta, principalmente, nos âmbitos locais. Cada cidade paulista teve sua participação que se tornou peculiar à história das localidades. Deste modo, falar sobre a escrita da história da Revolução de 1932 nos dias de hoje é algo muito mais complexo e difícil de generalizar. Mas, o que mais se tem visto nos livros, em principal os didáticos, é uma história paulista menos adjetivada, com restrições aos fatos, as “glórias” paulistas, e mais voltada à participação do povo, ao cotidiano e à memória que ainda vive dos soldados.
Nos dias atuais, a história da Revolução de 1932 disserta mais a respeito do motivo político que estava em jogo naquela ocasião. Ao analisar o contexto da década de 20, percebe-se que a oligarquia paulista que, junto a Minas Gerais, dominou todo o cenário político do Brasil na Primeira República, estava perdendo o poder. Com o início da Era Vargas, a elite paulista necessitava de ter mais espaço na política, principalmente por causa da produção cafeeira que estava em declínio. Além disso, é claro que o motivo da volta da constituição que Vargas havia suprimido em seu governo ditatorial também era evidente nas reivindicações dos paulistas.
Cá estamos, oitenta anos depois daquele 9 de julho de 1932 que tanto foi motivo para “glorificar” os paulistas na história. Uma história que não é mais escrita como naquela época, afinal o próprio modo de escrevê-la torna-se diferente conforme a visão do momento presente. Que a cada ano, a história da Revolução Constitucionalista possa ser mais revisada, pesquisada e rememorada na eterna intenção de descongelar o passado.

Nenhum comentário: