sábado, 29 de setembro de 2012

AS REVOLUÇÕES DE JULHO

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 22 DE JULHO DE 2012 PELA PROFª KARLA O. ARMANI


            O mês de julho é um período marcante na memória nacional, pois é composto de várias datas que rememoram episódios interessantes da história do Brasil. A Revolução de 1932 é o acontecimento mais lembrado neste mês, em especial pelos paulistas, por conta de sua repercussão na capital e nas cidades do interior de São Paulo e pela quantidade de voluntários que ela movimentou. No entanto, existem outros fatos que poderiam também ser discutidos nesta época do ano, como, por exemplo, a Revolução de 1924, ocorrida em São Paulo no dia 5 de julho daquele ano.
            A Revolução de 1924, na verdade, fez parte de um contexto maior conhecido como “movimento tenentista”. Este, tinha por principal finalidade a queda da exclusividade política das oligarquias agrágrias que sustentavam o cenário político brasileiro desde o final do império e a instalação da República. Os “tenentes”, como ficaram genericamente conhecidos, eram homens de patentes mais rasas do exército brasileiro que, dentre outras reivindicações, queriam reformas na política brasileira, inclusive mais participação deles (militares) nas decisões do governo.
            A primeira manifestação deste movimento foi a “Revolta dos 18 do Forte de Copacabana” no Rio de Janeiro (capital do Brasil na época). Onde, em 5 de julho de 1922, os manifestantes envolvidos pretendiam fazer um levante contra o presidente Epitácio Pessoa e o próximo que assumiria o cargo, Artur da Silva Bernardes. Este movimento foi abafado pelas tropas federais, pois os dezoitos últimos homens (sendo um civil) foram mortos.
            Foi assim que, dois anos depois, em 1924, exatamente no mesmo dia 5 de julho, outro levante tenentista veio à tona, agora na cidade de São Paulo. Cerca de mil homens, envolvidos no movimento tenentista, armaram ataque a pontos estratégicos da cidade na intenção de destituir o presidente Artur Bernardes do poder e atingir também o presidente de São Paulo, Carlos de Campos. Os “tenentes” ficaram vinte e três dias na cidade de São Paulo, chegaram a atacar uma sede do governo estadual e outros lugares da cidade. Inclusive, indícios confirmam que este foi o maior conflito bélico dentre da capital paulista. Recente publicação da “Folha do Est. De São Paulo” demonstra fotografias deste período onde se percebe prédios depredados, soldados armados e nuvens de poeiras das explosões recorrentes deste período.
            Este levante, assim como o “movimento tenentista” em geral, repercutiu além das capitais de São Paulo e do Rio de Janeiro. Muitas cidades se envolveram nestes conflitos do primeiro lustro da década de 1920, cada uma com sua participação peculiar. Barretos foi uma delas que, com o caso do capitão Philogonio Teodoro de Carvalho, também teve parte na Revolução de 1924 e na posterior revolta de 1925. Por fim, é interessante como a história do Brasil pode se revelar um mosaico de acontecimentos sempre aptos à reflexão, como estes rememorados por nós em julho. Sempre julho.

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