ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 2 DE SETEMBRO DE 2012 PELA PROFª KARLA O. ARMANI
Já
raiou a liberdade
No horizonte do Brasil
No horizonte do Brasil
(trecho
do hino da Independência do Brasil)
A frase
acima revela como o episódio da “Independência do Brasil”, proclamada pelo
Imperador Dom Pedro I, era visto como um ato que repercutiu na tão sonhada
“liberdade” para o país. Por muito tempo, esta visão de “liberdade” trazida
pela Independência esteve presente não só em melodias, mas também em desfiles,
homenagens, biografias e até mesmo na sala de aula. Uma liberdade que sabemos
que nunca existiu, mesmo após a Independência. Neste 7 de setembro que se
aproxima, serão completados 190 anos do dia da Independência do Brasil. Por
isso, seria interessante analisarmos este fato com os novos olhares da
historiografia brasileira.
Tempos atrás,
muito se falava do dia da Independência, onde “no dia 7 de setembro de 1822, às
margens do Rio Ipiranga, Dom Pedro I, teria bradado retumbante: Independência
ou Morte!”. Este episódio até hoje é muito comentado e revisto pelos historiadores,
não só por conta de ser o dia em que oficialmente houve o desenlace do Brasil
de Portugal, mas por todas as fontes históricas que eternizaram este dia, como
o quadro de Pedro Américo (que hoje se encontra no Museu do Ipiranga em São
Paulo). Assim, além da idéia de “liberdade” ter sido atribuída ao ato de Pedro
I, este ficou eternizado como um verdadeiro “herói” da nação. Visto que,
trajado de vestimentas militares, empunhando uma espada diante àqueles que eram
contra a emancipação do Brasil, e montado num cavalo branco, Pedro I pôs-se à
frente de um conflito pelo Brasil.
Esta
idealização, na verdade, vinha até mesmo antes do “7 de setembro”, ela também
era vista no famoso “Dia do Fico”. Uma vez que, Dom Pedro estava sendo
pressionado pelos portugueses a retornar a Portugal, mas, ao receber um
abaixo-assinado dos brasileiros teria decidido “a favor” do povo brasileiro
dizendo: “Como é para o bem de todos e
felicidade geral da nação, estou pronto. Diga ao povo que fico!”. Logo, a sua imagem como o “salvador” do Brasil
já estava sendo preparada para ficar à “história” e esta passagem foi
reafirmada, mais uma vez, pelo hino da independência na seguinte passagem: “Brava
gente brasileira! Longe vá... temor servil: Ou ficar a pátria livre, ou morrer
pelo Brasil”.
Atualmente, versões como estas, em
vez de serem “aclamadas” e “glorificadas” são analisadas por historiadores e
professores como verdadeiros “documentos históricos” que demonstram a
intencionalidade do governo brasileiro em transparecer a imagem de Dom Pedro
como um “herói da pátria”. Não que ele fosse o herói, mas sim que foi
intencionalmente transparecido como herói por uma ação política. E assim,
caminhamos para uma nova história do Brasil, onde antes de valorizar personagens
e fatos, valorizamos as fontes históricas como os quadros, os documentos e o
hino da Independência.
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