sábado, 29 de setembro de 2012

INDEPENDÊNCIA DO BRASIL: A TRANSPARÊNCIA DE UM HERÓI


ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 2 DE SETEMBRO DE 2012 PELA PROFª KARLA O. ARMANI


Já raiou a liberdade
No horizonte do Brasil
(trecho do hino da Independência do Brasil)

            A frase acima revela como o episódio da “Independência do Brasil”, proclamada pelo Imperador Dom Pedro I, era visto como um ato que repercutiu na tão sonhada “liberdade” para o país. Por muito tempo, esta visão de “liberdade” trazida pela Independência esteve presente não só em melodias, mas também em desfiles, homenagens, biografias e até mesmo na sala de aula. Uma liberdade que sabemos que nunca existiu, mesmo após a Independência. Neste 7 de setembro que se aproxima, serão completados 190 anos do dia da Independência do Brasil. Por isso, seria interessante analisarmos este fato com os novos olhares da historiografia brasileira.
            Tempos atrás, muito se falava do dia da Independência, onde “no dia 7 de setembro de 1822, às margens do Rio Ipiranga, Dom Pedro I, teria bradado retumbante: Independência ou Morte!”. Este episódio até hoje é muito comentado e revisto pelos historiadores, não só por conta de ser o dia em que oficialmente houve o desenlace do Brasil de Portugal, mas por todas as fontes históricas que eternizaram este dia, como o quadro de Pedro Américo (que hoje se encontra no Museu do Ipiranga em São Paulo). Assim, além da idéia de “liberdade” ter sido atribuída ao ato de Pedro I, este ficou eternizado como um verdadeiro “herói” da nação. Visto que, trajado de vestimentas militares, empunhando uma espada diante àqueles que eram contra a emancipação do Brasil, e montado num cavalo branco, Pedro I pôs-se à frente de um conflito pelo Brasil.
            Esta idealização, na verdade, vinha até mesmo antes do “7 de setembro”, ela também era vista no famoso “Dia do Fico”. Uma vez que, Dom Pedro estava sendo pressionado pelos portugueses a retornar a Portugal, mas, ao receber um abaixo-assinado dos brasileiros teria decidido “a favor” do povo brasileiro dizendo: “Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto. Diga ao povo que fico!”.  Logo, a sua imagem como o “salvador” do Brasil já estava sendo preparada para ficar à “história” e esta passagem foi reafirmada, mais uma vez, pelo hino da independência na seguinte passagem: Brava gente brasileira! Longe vá... temor servil: Ou ficar a pátria livre, ou morrer pelo Brasil”.
            Atualmente, versões como estas, em vez de serem “aclamadas” e “glorificadas” são analisadas por historiadores e professores como verdadeiros “documentos históricos” que demonstram a intencionalidade do governo brasileiro em transparecer a imagem de Dom Pedro como um “herói da pátria”. Não que ele fosse o herói, mas sim que foi intencionalmente transparecido como herói por uma ação política. E assim, caminhamos para uma nova história do Brasil, onde antes de valorizar personagens e fatos, valorizamos as fontes históricas como os quadros, os documentos e o hino da Independência.

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