sábado, 29 de setembro de 2012

A LONGA DURAÇÃO DA IDADE MÉDIA

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 5 DE AGOSTO DE 2012 PELA PROFª KARLA O. ARMANI


            Na escola, quando se estuda História, desde o ensino fundamental ao médio, é muito comum as pessoas associarem a “História” com a “Idade Média”. É como se todo o período que a História estuda, da Pré-História à Idade Contemporânea, se resumisse no tempo medieval, afinal o que as pessoas mais se lembram são: “senhores feudais”, “castelos”, “servos” e “guerras”. É interessante notar como um período que acabou há quase seis séculos ainda fica marcado na mente dos indivíduos, talvez porque algumas manifestações culturais daquela época ainda fazem parte da mentalidade ocidental.
            “Falar em feudalismo implica falar de castelos, cavaleiros, senhores feudais, vassalos, cruzadas e rebeliões. Implica falar da guerra e do exercício de poder através da ‘lei do mais forte’ - além de falar de heróis, cavaleiros de armaduras reluzentes empenhados em salvar os fracos e oprimidos ou resgatar donzelas de castelos encantados e salvá-las de... dragões” (Rezende, 1998, p.3). Esse fragmento nos demonstra o quão “mágica” a Idade Média pode ser apresentada aos alunos, como um período que saiu dos contos de fadas infantis e de repente se transformou em matéria de estudo para a disciplina de História.
            O tempo medieval na verdade foi caracterizado por muitas guerras, disputa de poder e uma mentalidade extramamente religiosa e temente a Deus. Do século V ao XV, a Europa passou um período de ruralização, escassa atividade comercial, descentralização administrativa e predominância da religião na vida cotidiana e cultural. Essas caracterítiscas, quando estudadas na Idade Moderna (século XV ao XVIII), foram consideradas “atrasadas”, como um período de “trevas”. Por esse motivo, o longo período entre 476 e 1453 foi visto como aquele que estaria no “meio” entre as “prósperas” idades Antiga e Moderna, onde as cidades e o comércio foram as principais atividades econômicas, diferente do “regresso” que teria sido a Idade “Média”.
            Nos tempos atuais, o ensino da “Idade Média” não pensa dessa forma, afinal cada época tem que ser analisada com os “olhos” da época. Assim, o “Medievo” é estudado como um tempo que teve sua política, economia, sociedade, cultura, tecnologia e mentalidade própria. Além disso, também são dignas de nota as manifestações culturais desta época que se predominam no tempo presente, como tradições de longa duração. Como por exemplo, as festas juninas, o carnaval, o natal, o 1º de janeiro e até as superstições. Enfim, por motivos como estes que a Idade Média é tão relembrada pelas pessoas e, as vezes, confundida com a própria História. 
            

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