ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 27 DE MAIO DE 2012 PELA PROFª KARLA O. ARMANI
“Jorge Andrade era um
homem movido pela paixão, tudo o que escrevia, vivia ou dizia era dominado pela
paixão. Emoção, coração apertado e nó na garganta, são sensações que não nos
abandonam na leitura de suas peças. (Autor não
identificado, folheto “Vereda da Salvação”, década de 90, Acervo Museu Ruy
Menezes)
A frase acima dá-nos a sensação de
ter conhecido um dos barretenses mais renomados na arte teatral, Aluísio Jorge
Andrade Franco. Seria muito bom aos jovens de hoje ter a oportunidade de
“conhecer”, ou ao menos se aproximar, das obras e da vida que levou um dos
maiores dramaturgos desse país, nascido em berço barretense. Jorge Andrade
ficou conhecido por escrever peças teatrais genuinamente brasileiras, numa
época em que o país importava, cada vez mais, cultura estrangeira.
Nesta semana, no dia 21 de maio, se
estivesse vivo, Jorge Andrade completaria 90 anos de idade. Em razão disso, o
Studio Claudia Avila de Atores realizou uma justa homenagem ao dramaturgo neste
final de semana no “Centro Cultural Osório Faleiros da Rocha”. Foi uma iniciativa
de atores para dramaturgo, e de barretense para barretense; o que tornou o
evento algo muito confortante. Deste modo, gostaria de apresentar para aqueles
que não conhecem Jorge Andrade, que são raros, um pouco da carreira que lhe
proporcionou grandes títulos.
Jorge Andrade, como era conhecido,
nasceu em Barretos em 21 de maio de 1922, fruto de uma família tradicional.
Como tal, viveu na fazenda “Coqueiros”, de propriedade de seu pai, até que nos
anos 40, resolveu estudar Direito na capital paulista. Por não se adaptar ao
ambiente, retornou a Barretos. No entanto, na década de 50, iniciou sua
carreira no teatro ao entrar para a “Escola de Artes Dramáticas de São Paulo”.
A partir de então, começou a escrever peças teatrais e até novelas.
Escreveu, entre os anos 50 e 70,
dezoito peças teatrais, publicou dois livros e compôs sete telenovelas, entre
elas: “Os ossos do barão” (globo), “O Grito” (globo), “As gaivotas” (tupi),
“Dulcineia vai à guerra” (bandeirantes), “Os adolescentes” (bandeirantes), “Ninho
da Serpente” (bandeirantes) e “Sabor de Melo” (bandeirantes). Suas obras tinham
uma característica muito marcante, principalmente as peças teatrais dos anos 50
e 60. Afinal, ele retratou em muitas delas o declínio do patriarcalismo
paulista depois da década de 30 e, em outras, a vida rural de miséria de muitos
brasileiros. Como foi o caso de “Vereda da Salvação” (1958), onde é retratado o
cenário de trabalhadores rurais, movidos por um certo messianismo, que tentam
superar a miséria que os assola através do fanatismo religioso.
Certamente, sua vida e obra daria
uma rica pesquisa histórica e literária. Afinal, uma complexa descrição da
realidade brasileira em seus confins, na luz do teatro que tudo pode, com
certeza merece mais destaque em nossa história.
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