sábado, 29 de setembro de 2012

LENDAS GREGAS E AS ESTAÇÕES DO ANO

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 25 DE SETEMBRO DE 2012 PELA PROFª KARLA O. ARMANI


            Nos últimos dias, um assunto em comum tomou conta do cotidiano das pessoas (principalmente as barretenses): o clima, o calor insuportável em pleno fim de inverno. E talvez nesta semana, este assunto ganhe ainda mais destaque. Isso porque, no último final de semana, se inicia a estação da Primavera no hemisfério sul, e o clima tende a sofrer ainda mais mudanças. A estação da primavera é considerada por muitos como o período mais bonito do ano por conta do florescimento das plantas, árvores e jardins. 
            Para nossa sociedade, onde poucas pessoas observam a beleza da natureza primaveril, isso pode passar despercebido. No entanto, na época da Grécia Antiga, quando tudo era explicado pelos mitos, os gregos sentiram necessidade de esclarecer a diferença de clima e de paisagem entre as estações de florescimento e fertilidade (primavera e verão) e aquelas de mais seca e frio (outono e inverno). Para os gregos, explicar a origem dos fenômenos da natureza era uma necessidade, aliás, era mais do que isso; fazia parte do próprio cotidiano grego, independente da casta social, falar a respeito de suas lendas. Mitos que sempre eram baseados nas histórias dos seus vários deuses e deusas. Naquela época, as lendas politeístas eram transmitidas pela tradição oral e isso só foi rompido a partir do nascimento da filosofia e da ciência, que substituíram as explicações míticas.
            Com a finalidade de entender a diferença entre as estações do ano, existia a lenda de “Deméter” (deusa do interior da terra, ligada à fertilidade do solo) e sua filha “Perséfone”. Contava-se que Hades (deus do mundo subterrâneo, “inferno”), buscando encontrar uma esposa, decidiu raptar Perséfone. Foi então que, Deméter, mãe de Perséfone, saiu a sua procura tanto no Olimpo (morada dos deuses) quanto na Terra. Por conta de não achar sua filha, Deméter ficou preocupada, irada e muito triste e tais sentimentos teriam causado uma seca prolongada, já que ela era a deusa da fertilidade do solo. Para tentar acalmá-la, Zeus (deus dos deuses) resolveu intervir e fez um trato com seu irmão Hades: Perséfone teria que passar seis meses do ano ao lado de Hades no mundo subterrâneo, e os outros seis ela estaria “liberada” para passar ao lado da mãe. Isso, para os gregos, explicaria a origem do inverno, ou seja, seria o período em que Perséfone estaria ao lado de Hades e sua mãe muito triste. Por outro lado, os seis meses de fertilidade e flores (primavera e verão) seria o tempo em que a moça passaria ao lado de sua mãe.
            Essa é uma das lendas gregas que serviam para explicar fenômenos da natureza, como, por exemplo, as quatro estações do ano. É muito interessante perceber o imaginário do povo grego da Antiguidade, onde a necessidade de explicar as coisas levou a construção de mitos que se perpetuaram ao longo do tempo. Mitos que não podem ser meramente considerados como “mentiras”, afinal eles eram construídos de acordo com a mentalidade, a cultura e a história daquela época. Logo, aprender mitologia grega é mais do que ler sobre lendas que podem parecer “estranhas”, é viajar no universo de uma das maiores civilizações da humanidade, a Grécia.

2 comentários:

Leonardo Marques disse...

Muito bom os artigos Karla. Adicionei seu blog no meu também.
Beijos até

Unknown disse...

muito bom mesmo,esse artigo ta mim inspirando para responder um trabalho de física relacionado a demeter e explorar meus conhecimentos sobre a questão do tempo.