sábado, 28 de abril de 2018

A REVOLUÇÃO DE 1932 NA INTELECTUALIDADE PAULISTA

ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª ESP. KARLA O. ARMANI, EM  JULHO DE 2015, NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" 


            O feriado de 9 de julho se aproxima, e logo vem à tona notas e curiosidades sobre a “Revolução Constitucionalista de 1932”, a guerra civil em que o estado de São Paulo lutou contra as tropas do governo federal de Getúlio Vargas. Todos os anos nesta data historiadores se dedicam a falar sobre a causa deste conflito, os principais combates, os soldados constitucionalistas, o desfecho e até curiosidades sobre peculiaridades da Revolução em cidades paulistas. Deste modo, faz-se necessário estudar e falar mais a respeito do que aconteceu após a Revolução de 1932, como por exemplo, a questão ideológica que se formou diante à intelectualidade paulista: o enaltecimento do estado de São Paulo como aquele que teria se esforçado para o engrandecimento do país todo.
            Sabemos que a Revolução Constitucionalista de 1932 em sua prática não aconteceu somente por conta da retomada constitucional ou da legalidade do país, que então começava a viver a ditadura de Vargas. Este conflito militar ocorreu principalmente em nome de uma elite paulista que, então afastada do poder, almejava a volta de sua hegemonia política e econômica (diante à crise cafeeira). Por ambos os motivos, o fato é que o conflito aconteceu por pelo menos 3 meses, e paulistas de centenas de municípios se mobilizaram para defender aquilo que chamavam de a “causa paulista”.
            Discursos, cartazes, desfiles, campanhas, livros, melodias e comentários em rádios serviam de estímulo aos paulistas que se sensibilizam pela causa. Era necessário criar discursos de identidade ao povo paulista e à luta que se serviam, de modo que a Revolução ganhasse mais vida. Foi assim que intelectuais como Affonso d.E’ Taunay, Menotti del Picchia, Alcântara Machado, Cel. Taborda e tantos outros se dedicaram a compor obras literárias, notas jornalísticas e até discursos em tons poéticos com àquela finalidade.
            Neste ínterim, quando finda a Revolução e os paulistas se veem diante à derrota militar, para onde vão as tais palavras poéticas da causa paulista? Pois bem, o discurso se remonta. Retoma sua tradição e cria novas elucubrações. Após o ano de 1932, vê-se nascer um discurso que enaltecia São Paulo como a terra de um passado bandeirante glorioso e de um presente de grandiosa prosperidade econômica. (Re)nascia, assim, o discurso bandeirante paulista. E Barretos nisso tudo? Bem, este é o assunto da próxima semana. Também tivemos nossos intelectuais do discurso bandeirante.

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