“Esteve em
Barretos Belén Sárraga, conferencista espanhola, de idéias avançadas, muito
anti-clerical. Foi alvo de grandes homenagens e atenções, tendo sido eu dos
mais entusiasmados [...].” (Osório Rocha, Reminiscências, v. 1, p. 185)
As palavras do escritor Osório Rocha
incitam qualquer historiador a ficar curioso. Fato instigante. Cativante, até.
Pois, como uma mulher em 1911, estrangeira, descrita como portadora de “ideias
avançadas” chamou tanta atenção da elite letrada masculina de uma cidade
interiorana como a nossa? Aliás, por qual motivo Barretos também foi rota de
passagem para tal intelectual? Foram tais perguntas que me levaram a querer
pesquisar, mesmo de maneira simplória, sobre tal personagem. Então, vamos a
ela!
O Grêmio Literário e Recreativo de
Barretos surgiu em 1910, e como uma instituição promotora de conferências e
eventos culturais de variados tipos, recebia rotineiramente personalidades interessantes.
Foi assim que Belén de Sárraga passou por ali, realizando conferência, a qual
fora muito elogiada pela imprensa da época, conforme relatou Osório Rocha em
suas memórias daquele tempo.
Tamanha repercussão em 1911 não é de
se espantar, afinal ao pesquisar sua biografia pessoal e intelectual nos
deparamos com vastos textos sobre seu legado cultural. De maneira resumida,
podemos dizer que Belén de Sárraga (1873-1951), espanhola, foi médica,
pensadora e feminista. Atuou como escritora, oradora e envolveu-se em
confrontos políticos na Espanha, México e outros países latinos nos quais
residiu. Lutava e pregava pela educação
laica, tolerância, democracia e liberdade principalmente voltada às mulheres
trabalhadoras e estudantes. Contra o machismo e a favor do secularismo, do
divórcio e da emancipação das mulheres, Belén visitou vários países da América
Latina fazendo conferências sobre tais ideais; e assim entendemos sua passagem
por nossas terras. Era uma viajante, se aventurava em falar sobre os direitos
femininos em pleno início do século XX para as mais distantes plateias de
cidades interioranas da América.
Ao passar por Barretos, acompanhada do escritor espanhol Luís
Porta Bernabé, Bélen em poucas palavras transcritas no livro de visitantes do
Grêmio conseguiu resumir todas suas ideias voltadas à liberdade, às novas
gerações e ao progresso que a cultura poderia fomentar. Assim ela disse: “Todo centro de cultura que se fomenta, es
como uma flor de progresso que se cuida. Ella, regada continuadamente com el
agua de las ideias, esparce perfumes que constituem el aire vital de
generaciones nuevas. Julio 18-1911”.
Link do jornal para citação de fonte: http://www.odiarioonline.com.br/noticia/73604/BARRETOS-JA-RECEBEU-BELEN-DE-SARRAGA
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