ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª ESP. KARLA O. ARMANI, EM ABRIL DE 2013, NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS"
Na semana anterior falamos a
respeito do movimento da Inconfidência Mineira e de Tiradentes. Descrevemos o
martírio vivido por este personagem como castigo do governo português. E
deixamos no ar o motivo do governo republicano, então concretizado um século
depois que Tiradentes viveu, ter adotado a figura de Tiradentes como “martír” do
Brasil. Existia de fato um motivo para isso.
Pelo sofrimento e pelos ideias de
independência que Tiradentes defendia, ele foi adotado como “martír” e
“salvador” da nação brasileira após a proclamação da República. A partir de
1889, quando o Brasil concretizou o projeto republicano, os republicanos
positivistas que tomaram a frente do poder, sentiram a necessidade de criar uma
“imagem” de herói nacional. Então, a figura de Tiradentes foi escolhida como
tal, e para se aproximar mais ainda do povo, ele foi comparado à imagem de
Jesus Cristo; o então “salvador do mundo”. É a partir de então que é reforçada
aquela imagem do Tiradentes pintado, esculpido e caracterizado com cabelos
longos, barba, túnica branca e o olhar diante à forca como se aquele castigo que
ele estava prestes a passar seria para “salvar” o Brasil (assim como fez Cristo
em seu calvário).
Em Barretos, o busto do centenário
da Independência do Brasil (1822-1922) colocado na Praça Francisco Barreto, e
uma réplica do mesmo instalada no salão principal do Paço Municipal (hoje Museu
“Ruy Menezes”), em 1922, tem como uma de suas figuras a imagem de “Tiradentes”
de túnica e cabelos longos. Isso porque o busto, então concebido durante o
governo republicano, tinha a intenção de exaltar os símbolos nacionais, e
Tiradentes era um deles.
Por fim, de inconfidente nos anos
setecentos do Brasil, Tiradentes se transformou em “salvador” e “herói”
nacional no final do século XIX. E hoje ainda é rememorado nos livros de
História do Brasil e no dia de seu feriado, não como um “herói”, mas como
alguém de muita importância à história do Brasil e que, de alguma maneira,
lutou para a nossa independência que tanto tardou a chegar.
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