quarta-feira, 25 de abril de 2018

TIRADENTES: DE INCONFIDENTE A HERÓI (PARTE II)


ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª ESP. KARLA O. ARMANI, EM ABRIL DE 2013, NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS"

            Na semana anterior falamos a respeito do movimento da Inconfidência Mineira e de Tiradentes. Descrevemos o martírio vivido por este personagem como castigo do governo português. E deixamos no ar o motivo do governo republicano, então concretizado um século depois que Tiradentes viveu, ter adotado a figura de Tiradentes como “martír” do Brasil. Existia de fato um motivo para isso.
            Pelo sofrimento e pelos ideias de independência que Tiradentes defendia, ele foi adotado como “martír” e “salvador” da nação brasileira após a proclamação da República. A partir de 1889, quando o Brasil concretizou o projeto republicano, os republicanos positivistas que tomaram a frente do poder, sentiram a necessidade de criar uma “imagem” de herói nacional. Então, a figura de Tiradentes foi escolhida como tal, e para se aproximar mais ainda do povo, ele foi comparado à imagem de Jesus Cristo; o então “salvador do mundo”. É a partir de então que é reforçada aquela imagem do Tiradentes pintado, esculpido e caracterizado com cabelos longos, barba, túnica branca e o olhar diante à forca como se aquele castigo que ele estava prestes a passar seria para “salvar” o Brasil (assim como fez Cristo em seu calvário).
            Em Barretos, o busto do centenário da Independência do Brasil (1822-1922) colocado na Praça Francisco Barreto, e uma réplica do mesmo instalada no salão principal do Paço Municipal (hoje Museu “Ruy Menezes”), em 1922, tem como uma de suas figuras a imagem de “Tiradentes” de túnica e cabelos longos. Isso porque o busto, então concebido durante o governo republicano, tinha a intenção de exaltar os símbolos nacionais, e Tiradentes era um deles.
            Por fim, de inconfidente nos anos setecentos do Brasil, Tiradentes se transformou em “salvador” e “herói” nacional no final do século XIX. E hoje ainda é rememorado nos livros de História do Brasil e no dia de seu feriado, não como um “herói”, mas como alguém de muita importância à história do Brasil e que, de alguma maneira, lutou para a nossa independência que tanto tardou a chegar.


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