DELCIDES DE CARVALHO, UM INTELECTUAL PAULISTA (PARTE II)
Em
continuação ao assunto da semana passada, iremos falar mais sobre Delcides de
Carvalho, prefeito de Barretos em 1931, e sua obra “São Paulo é Isto!”;
publicada um ano após a derrota paulista na Revolução de 1932 com o pseudônimo
Antoine Renard.
É na segunda parte da obra, que Delcides revela aspectos
interessantes sobre a Revolução de 1932, e sempre com o intuito de criar uma
identidade ao povo paulista. O autor compara a mobilização da Revolução de 1932
à Primeira Guerra Mundial (visto que seu pseudônimo era francês). Ele conclui
que a grandiosidade do povo paulista que lutara nos conflitos de 1932 se dá
justamente no fato da Revolução ter sido armada inusitadamente, ou seja, sem
nenhum tipo de preparo (diferente das nações europeias que se preparavam
militarmente antes da eclosão do conflito). Portanto, para ele, esta seria a
causa da “alma cívica” do povo paulista: a sua união. Como exemplo, Delcides
narra os grandes nomes de combatentes, o alistamento dos jovens soldados, a
chegada de cadáveres às suas cidades, os traidores, os discursos incentivadores,
as doações de ouro, dinheiro, armas, binóculos, e a participação da imprensa,
do clero e das mulheres.
O interessante dessa obra foi a necessidade do autor em
escrever sobre o estado de São Paulo após a derrota na guerra civil que
mobilizou tantos jovens combatentes. Uma guerra que teria levado à derrota, mas
que mesmo assim, segundo sua visão, contribuiu para a formação do povo
paulista. Para mostrar o que ele - e demais intelectuais paulistas - entendia
sobre o estado, o livro destaca dados estatísticos da economia industrial e
agrícola das cidades paulistas; além de recriar a história de São Paulo a
partir de uma trajetória dos bandeirantes, vistos como verdadeiros heróis do
povoamento do Brasil. Criava-se a ideia de que os paulistas, então lutadores da
constitucionalidade do país, eram imbuídos também da herança “heroica” de seus
ancestrais: os bandeirantes.
Na realidade, esse discurso fazia parte de todo um
movimento intelectual criado após a Revolução de 1932, e que perdurou por
várias décadas posteriores. E em Barretos, tínhamos também um verdadeiro
literato desta obra paulista, Delcides de Carvalho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário