sábado, 28 de abril de 2018

DELCIDES DE CARVALHO, UM INTELECTUAL PAULISTA (PARTE II)


DELCIDES DE CARVALHO, UM INTELECTUAL PAULISTA (PARTE II)

Em continuação ao assunto da semana passada, iremos falar mais sobre Delcides de Carvalho, prefeito de Barretos em 1931, e sua obra “São Paulo é Isto!”; publicada um ano após a derrota paulista na Revolução de 1932 com o pseudônimo Antoine Renard.
            É na segunda parte da obra, que Delcides revela aspectos interessantes sobre a Revolução de 1932, e sempre com o intuito de criar uma identidade ao povo paulista. O autor compara a mobilização da Revolução de 1932 à Primeira Guerra Mundial (visto que seu pseudônimo era francês). Ele conclui que a grandiosidade do povo paulista que lutara nos conflitos de 1932 se dá justamente no fato da Revolução ter sido armada inusitadamente, ou seja, sem nenhum tipo de preparo (diferente das nações europeias que se preparavam militarmente antes da eclosão do conflito). Portanto, para ele, esta seria a causa da “alma cívica” do povo paulista: a sua união. Como exemplo, Delcides narra os grandes nomes de combatentes, o alistamento dos jovens soldados, a chegada de cadáveres às suas cidades, os traidores, os discursos incentivadores, as doações de ouro, dinheiro, armas, binóculos, e a participação da imprensa, do clero e das mulheres.
            O interessante dessa obra foi a necessidade do autor em escrever sobre o estado de São Paulo após a derrota na guerra civil que mobilizou tantos jovens combatentes. Uma guerra que teria levado à derrota, mas que mesmo assim, segundo sua visão, contribuiu para a formação do povo paulista. Para mostrar o que ele - e demais intelectuais paulistas - entendia sobre o estado, o livro destaca dados estatísticos da economia industrial e agrícola das cidades paulistas; além de recriar a história de São Paulo a partir de uma trajetória dos bandeirantes, vistos como verdadeiros heróis do povoamento do Brasil. Criava-se a ideia de que os paulistas, então lutadores da constitucionalidade do país, eram imbuídos também da herança “heroica” de seus ancestrais: os bandeirantes.
            Na realidade, esse discurso fazia parte de todo um movimento intelectual criado após a Revolução de 1932, e que perdurou por várias décadas posteriores. E em Barretos, tínhamos também um verdadeiro literato desta obra paulista, Delcides de Carvalho.

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