ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª ESP. KARLA O. ARMANI, EM FEVEREIRO DE 2013, NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS"
Leitor amigo, já reparou o quanto a História serve como
inspiração principal às escolas de samba todo ano no Carnaval? Qual será o
motivo disso? Se pensarmos na imensidão de assuntos, personagens e
acontecimentos que a História e todo seu passado e memória podem nos oferecer,
logo chegaremos à resposta. É graças a possibilidade de conhecer o passado
através de espaços distantes e tempos longínquos, promovendo a imaginação, que
a História oferece ao presente uma série de temáticas inspiradoras.
Criar fantasias, carros alegóricos, letra e
melodia do samba-enredo, e coordenar a harmonia e a evolução na passarela,
requer muita técnica e disposição dos organizadores das escolas de samba.
Porém, sem uma temática muito bem definida, conhecida e estudada, nada disso
acontece. É aí que a História entra em cena, como a verdadeira musa inspiradora
seja para homenagear alguém, relembrar uma data, polemizar um assunto ou
simplesmente trazer à tona um passado curioso.
Foi assim que aconteceu neste carnaval de
2013, no qual mais uma vez as escolas de samba usaram da História para criar
seus enredos. Como por exemplo, a “União da Ilha” (SP) que relembrou o
centenário do inesquecível poeta Vinicíus de Moraes; o “Salgueiro” (RJ) que com
o tema ‘fama’ perpassou a época da Antiguidade com Alexandre ‘O Grande’, a
Idade Moderna com o rei Luís XIV e desembocou na contemporâneidade falando de
Che Guevara, The Beatles e outros personagens famosos; a “Unidos da Tijuca”
(RJ) que para falar do deus nórdico Thor usou e abusou da mitologia antiga; e
escolas tradicionais cariocas como “Imperatriz” e “Mangueira” trataram
respectivamente da história regional do estado do Pará e da cidade de Cuiabá.
Em São Paulo, a escola de samba vencedora
deste ano foi a “Mocidade Alegre” que apresentou como tema a reinvenção da
realidade dos antigos contos de fadas e literários, enfocando a sedução de se
contar um novo fim para estas antigas estórias. O interessante deste tema, e de
toda a evolução da escola na passarela, foi o jogo de passado e presente, em
que os personagens históricos passaram a ter concepções e características atuais
como a “chapéuzinho periguete”, a “branca de neve malvada”, os “anões
presidiários” e etc. É claro que se essa relação reinventada de passado e
presente fosse usada na História, isto seria inadmissível, porém, o carnaval,
assim como a literatura e o teatro, pode tudo! Inclusive reinventar estórias.
Já no Rio de Janeiro, a escola que
sagrou-se campeã foi a “Vila Isabel” com a temática de homenagem ao homem do
campo, o agricultor. A ideia foi realçar as belezas da zona rural, principalmente
os produtos alimentícios e os animais. Como uma verdadeira amostra da natureza,
a escola quis celebrar uma “festa da colheita”. Inclusive há de se notar a
presença da História tanto na avenida, quanto na composição do enredo, que
tinha como um dos autores um profissional historiador.
Como se vê, ao longo dos anos, a História
foi a principal inspiração ao carnaval brasileiro, e em 2013, como bem mostram
os resultados das campeãs, não foi diferente.
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