sábado, 28 de abril de 2018

IMIGRAÇÕES EM VÁRIOS TEMPOS


ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª ESP. KARLA O. ARMANI, EM  OUTUBRO DE 2015, NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" 

            Todos os dias os noticiários apontam as ondas imigratórias que a Europa vem recebendo da conflituosa região da Síria. São notas de passagens perigosas, números alarmantes de mortes e falta de informações sobre os destinos daqueles que deixam sua terra em guerra na esperança de uma vida pacificada.
            Pois bem, a imigração síria e todas suas consequências nos fazem recordar (e não comparar) de períodos da história do Brasil em que também milhões de imigrantes foram recebidos e estimulados a se fixar no país. O final do século XIX foi a principal época deste fenômeno imigratório por conta da necessidade de mão-de-obra para as lavouras de café no sudeste do Brasil. No entanto, se reduzirmos mais a escala da história, veremos que a nossa cidade de Barretos também foi receptora (e incentivadora) de imigrantes para servirem como força de trabalho à primeira empresa frigorífica do Brasil, que mais tarde passara a denominar-se Frigorífico Anglo.
            Acerca deste assunto, a saudosa historiadora Célia Aiélo publicou sua tese de mestrado “Perfil dos Operários do Frigorífico Anglo de Barretos – 1927/1935” (Unicampo, 2002). Nesta pesquisa, Célia brilhantemente explana as condições de vida e trabalho, salários, atribuições e uma série de referências sobre os imigrantes que trabalhavam no frigorífico. No entanto, o destaque da publicação vai para o final, em que é revelado algo interessante que muitos barretenses talvez desconheçam: a nacionalidade da maioria dos trabalhadores imigrantes da empresa, os lituanos.
            Sim, centenas de lituanos trabalhavam, cultivavam suas tradições e viviam na vila operária. Eram imigrantes originários de um país em conflito, de um tempo em que os países europeus se digladiavam no totalitarismo e em conquistas fanáticas de territórios. O povo lituano sofria com os domínios da Alemanha, Rússia, URSS, Polônia e outros. Foi assim, e estimulados por propagandas ilusórias, que se aventuravam a vir para o Brasil e centenas deles acabavam trabalhando em fazendas e depois vieram para Barretos. O trabalho de Célia ainda denota sobre condições de vida, organizações e costumes deste povo e nos instiga a conhecer muito mais sobre o assunto.
            Logo, as imigrações, apesar de muitas vezes serem trágicas pelas condições em que ocorrem, fazem parte de vários períodos da História e a todo momento explodem em cada canto do planeta. E Barretos também viveu a imigração e a transformou em História.


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