ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª ESP. KARLA O. ARMANI, EM 21 DE MARÇO DE 2015, NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS"
Na
semana finda, a Academia Barretense de Cultura teve a felicidade de criar uma programação
especial em comemoração aos 130 anos do nascimento do renomado escritor e
jornalista Osório Faleiros da Rocha. Como parte integrante das homenagens,
proferi no dia 19 de março uma palestra, cujo nome também intitula este artigo,
a respeito da vida e obra deste homem que, apesar de não ser barretense, deixou
um rico e enorme legado à história da nossa centenária cidade. A palestra
aconteceu no Centro Cultural – “Teatro Cine Barretos”, que tem o nosso
homenageado como patrono, e contou com a ilustre presença de seus familiares,
em principal as netas que vieram de diversas cidades prestigiar a calorosa
comemoração da ABC.
Osório
Faleiros da Rocha ainda é muito conhecido no ramo cultural de Barretos por ser
o autor da principal obra da história da cidade, o “Barretos de Outrora”. Os
barretenses mais velhos possuem a recordação de Osório como professor e
jornalista; e os mais jovens o tem como fonte de inspiração quando existe a
necessidade de registrar em linhas alguns aspectos da história de Barretos –
recorremos então a seu livro. Apesar deste grande legado, a intenção foi
mostrar que a produção intelectual de Osório Rocha foi além disso...
Proprietário
de uma erudição impecável ao escrever, e de estilo literário próprio, Osório
Rocha assinou por mais de sessenta anos suas crônicas “Esboços” em diversos
jornais de Barretos. Desde 19 de julho de 1908, em “O Barretense”, como
“Caá-Ubi”, suas crônicas expressavam narrações do cotidiano de Barretos e até dissertações
a respeito de políticas, fatos mundiais e ideologias. Um dos principais assuntos de suas crônicas
era a “história de Barretos”, assim, a partir dos anos 1930, Osório começou a
publicar notas nos jornais em formato de rodapé intituladas “Barretos de
Outrora”. Tais notas, em 1954, foram aprimoradas na publicação do livro que
também fez parte das comemorações do primeiro centenário da cidade. Sua paixão
pelos livros e pelos estudos do passado foram incentivados na ocasião em que
Osório trabalhava no cartório do Major Elyseu F. de Menezes, e ali perambulava
nas linhas dos mais antigos processos e documentos cartoriais da cidade;
integrando a si o gosto pela escrita da história daquela pequena vila em
formação que, mais tarde, ele viu crescer.
Por
outro lado, não fora somente a escrita uma linguagem cultural que Osório
dominava bem. Era um exímio orador e conferencista, foi também um grande
incentivador da arte, pois foi responsável pela vinda ou apresentação de
diversos artistas em Barretos, como Américo Jacomino (O Canhoto), Valério
Vieira, Dinorah de Carvalho, Helena de Magalhães, Violeta Sandra, Antonieta
Rudge e Salomé Jorge. Além de sempre estar também presente nas visitas a
Barretos do músico Heitor Villa-Lobos e dos escritores Coelho Neto e Menotti
Del Picchia.
Nascido
em 1885 em Patrocínio do Sapucaí, vindo a Barretos em 1907 e aqui permanecido
até os anos 1970, a vida de Osório Faleiros da Rocha se confunde com a história
da própria cidade de Barretos; uma vez que ele viveu a origem da urbes e esteve presente em grandes
momentos de desenvolvimento da cidade. Participou de disputas políticas na
época do coronelismo, da Revolução de 1932, do movimento integralista, foi
integrante de várias instituições da cidade, como a ACIB e o Rotary, foi
professor e responsável por várias bibliotecas, como a da ACIB que mais tarde
foi integrada a Biblioteca Municipal. Sua produção intelectual a cada década
crescia mais, visto que ele foi o autor do Hino do Tiro de Guerra de Barretos,
e do Hino de Barretos originado em 1950.
Logo, vê-se
que sua vida pautou-se de sobremaneira naquilo que onde ele é sempre
homenageado: a cultura. Como ele mesmo disse: “Só uma espécie de paixão se
manteve sempre acesa na frágua de minh’alma frívola: a paixão pelos livros,
pelas cousas da arte, pela beleza universal” (Reminiscências, volume I, p.
136).
2 comentários:
Muito interessante.
A senhora saberia informar onde ficava a sede da AIB, na qual Osório militou, na cidade de Barretos?
Em relação a sede em si, nos relatos memorialistas de Osório, ele nunca fez menção de onde ficava. Nem sei se existia. Acredito eu que o Partido Constitucionalista, a Federação dos Voluntários e o próprio diretório da AIB se reuniam em salas de instituições da cidade, como a "União dos Empregados no Comércio", o "Teatro Santo Antônio" e outras. Mas, isso é só uma hipótese. Visto que, ao receber Chiquinha Rodrigues na cidade em 1933, militante do núcleo feminino da Federação dos Voluntários, ela ministrou conferência na sede da União.
O movimento integralista foi muito forte na cidade, mas ainda pouco estudado.
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