sábado, 28 de abril de 2018

Independência do Brasil: inevitável comparação



 ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª ESP. KARLA O. ARMANI, EM  SETEMBRO DE 2015, NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" 

            Mais um feriado histórico se aproxima, o 7 de setembro, dia oficial da Independência do Brasil. Data em que o imperador português Dom Pedro I se eternizou como símbolo de liberdade política e jurídica do Brasil; colônia de seu país natal por mais de trezentos anos. Acontece que, na maioria das vezes que se fala neste assunto tem-se o costume de discutir a respeito da figura de Dom Pedro, do patriarca José Bonifácio, da situação de Portugal e etc. No entanto, hoje o foco será outro: o contexto histórico do século XIX em que não só o Brasil vivia, bem como vários países da América que lutavam por sua independência das metrópoles ibéricas.
            Neste raciocínio, se faz necessário lembrar e discutir a respeito de como as colônias espanholas na América se tornaram independentes e da diferença com o Brasil. A começar, existe a efetiva participação da elite burguesa criolla (comerciantes) e de setores populares em verdadeiras guerras de independência contra a corte espanhola. Guerras que moveram as colônias americanas em busca dos ideais de liberdade política e econômica, influenciados pelo Iluminismo europeu e pelo exemplo de independência dos Estados Unidos. Após tais guerras, as ex-colônias da Espanha conseguiram sua independência e tiveram como consequência a instalação de um novo regime político, a República, o estímulo burguês e a fragmentação dos antigos reinos em países menores.
            Comparando tais feitos do mesmo século XIX com o Brasil, veem-se grandes diferenças. Uma vez que, para a realização da independência pouco se enxerga de guerras, principalmente envolvendo os setores populares. Ao contrário, sabe-se que a independência brasileira ocorreu por manipulação e controle da própria corte portuguesa aliada a uma elite agrária que temia a fragmentação do território, a perda de suas terras e a libertação de seus escravos. Além disso, após a independência, o Brasil não experimentou os ares do republicanismo, e sim caiu em uma monarquia que duraria 67 anos em mãos “portuguesas”. Éramos a única monarquia na América do século XIX.
            Enfim, analisando superficialmente a independência da América Espanhola e do Brasil, ambos da mesma época, são inevitáveis as comparações e também o pensamento do “se”. E “se” tivéssemos vivido a independência popular e o republicanismo mais cedo? Porém, não é o “se” que a História estuda... No caso, a “sorte” já foi lançada!

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