ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª ESP. KARLA O. ARMANI, EM JUNHO DE 2015, NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS"
Um morador barretense mais atento, ao perambular pelas
ruas 6, 8, 10, 12, 14 e 16 entre as avenidas centrais, pode vislumbrar de uma
interessante e histórica paisagem. Mesmo que muitas casas destas ruas já tenham
sido destruídas - sempre em nome de “modernidade”, especulação e comércio – as
que lá insistem em manter-se em pé e vivas, dão a Barretos o verdadeiro ar de
cidade histórica. Elas transbordam nosso passado.
Já dizia o escritor João do Rio (1882-1922) em sua obra
“A alma encantadora das ruas” (1904): “Oh!
Sim, as ruas têm alma! Há ruas honestas, ruas ambíguas, ruas sinistras, ruas
nobres, delicadas, trágicas, depravadas, puras, infames, ruas sem história,
ruas tão velhas que bastam para contar a evolução de uma cidade inteira, ruas
guerreiras, revoltosas, medrosas, spleenéticas, snobs, ruas aristocráticas,
ruas amorosas, ruas covardes, que ficam sem pinga de sangue... (p. 34)”. Em
sua narrativa instigante, vê-se como as ruas traduzem os sentimentos mais
humanos que uma cidade pode desenvolver ao longo da sua história.
Assim
também foi com Barretos. Em nossa cidade, as edificações antigas são donas de
histórias peculiares de temas familiares e até políticos, mas quando se juntam
formando o título de “casas daquela rua...”, tornam-se parte integrante de um
todo urbano, de um sítio histórico pertencente à história da própria cidade.
Diversos
barretenses já se depararam com histórias como o antigo coqueiro da avenida 21
onde se “prendia” os “criminosos”; ou a rua 6 que era chamada de “São
Sebastião” onde se deparava com o Largo que mantinha firme o Cruzeiro dedicado
ao santo; a rua 8 que abrigava a morada do ícone histórico e ex-prefeito Cel.
Silvestre de Lima; a rua 14 que era chamada de “rua da Lindeza” justamente por
suas belas edificações e importantes instituições; e a rua 16 que além de
abrigar famílias tradicionais, ainda era a rua da praça principal, do Paço
Municipal, da Igreja Matriz e do 1º Grupo Escolar.
Hoje,
essas histórias mantém-se escondidas em entrelinhas, seja em algumas
edificações ainda em pé, ou pelas narrativas dos antigos memorialistas, ou
ainda por novas pesquisas a seu respeito. Mas, o importante é lembrar que são
dessas ruas mudas que parte da história de Barretos resiste, tentando ser fiel.
Preservemo-las.
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