sábado, 28 de abril de 2018

RUAS MUDAS E COM ALMA

ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª ESP. KARLA O. ARMANI, EM  JUNHO DE 2015, NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" 


            Um morador barretense mais atento, ao perambular pelas ruas 6, 8, 10, 12, 14 e 16 entre as avenidas centrais, pode vislumbrar de uma interessante e histórica paisagem. Mesmo que muitas casas destas ruas já tenham sido destruídas - sempre em nome de “modernidade”, especulação e comércio – as que lá insistem em manter-se em pé e vivas, dão a Barretos o verdadeiro ar de cidade histórica. Elas transbordam nosso passado.
            Já dizia o escritor João do Rio (1882-1922) em sua obra “A alma encantadora das ruas” (1904): “Oh! Sim, as ruas têm alma! Há ruas honestas, ruas ambíguas, ruas sinistras, ruas nobres, delicadas, trágicas, depravadas, puras, infames, ruas sem história, ruas tão velhas que bastam para contar a evolução de uma cidade inteira, ruas guerreiras, revoltosas, medrosas, spleenéticas, snobs, ruas aristocráticas, ruas amorosas, ruas covardes, que ficam sem pinga de sangue... (p. 34)”. Em sua narrativa instigante, vê-se como as ruas traduzem os sentimentos mais humanos que uma cidade pode desenvolver ao longo da sua história.
Assim também foi com Barretos. Em nossa cidade, as edificações antigas são donas de histórias peculiares de temas familiares e até políticos, mas quando se juntam formando o título de “casas daquela rua...”, tornam-se parte integrante de um todo urbano, de um sítio histórico pertencente à história da própria cidade.
Diversos barretenses já se depararam com histórias como o antigo coqueiro da avenida 21 onde se “prendia” os “criminosos”; ou a rua 6 que era chamada de “São Sebastião” onde se deparava com o Largo que mantinha firme o Cruzeiro dedicado ao santo; a rua 8 que abrigava a morada do ícone histórico e ex-prefeito Cel. Silvestre de Lima; a rua 14 que era chamada de “rua da Lindeza” justamente por suas belas edificações e importantes instituições; e a rua 16 que além de abrigar famílias tradicionais, ainda era a rua da praça principal, do Paço Municipal, da Igreja Matriz e do 1º Grupo Escolar.
Hoje, essas histórias mantém-se escondidas em entrelinhas, seja em algumas edificações ainda em pé, ou pelas narrativas dos antigos memorialistas, ou ainda por novas pesquisas a seu respeito. Mas, o importante é lembrar que são dessas ruas mudas que parte da história de Barretos resiste, tentando ser fiel. Preservemo-las.
           

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