sábado, 28 de abril de 2018

Anos 1930: Barretos, músicos e festivais

ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª ESP. KARLA O. ARMANI, EM  AGOSTO DE 2015, NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" 


            Convidamos o leitor para conhecer um pouco a respeito das promoções artísticas de Barretos, nos anos 1930, na intenção de mostrar que isso pode ser uma importante reflexão à história local. Nesta época, Barretos era uma cidade que promovia diversos festivais e recitais artísticos, fosse com artistas convidados ou com os da própria terra. O cenário principal da época para tais apresentações era o “Grêmio Literário e Recreativo” e seu público era composto essencialmente por indivíduos intelectualizados da classe elitista da cidade. Para melhor exemplificar, destacaremos um festival promovido no Grêmio em 1934, que priorizou sobretudo a música e os artistas da própria cidade.
            O jornal “A Notícia”, de direção de Gumercindo Ferraz, na edição de 31/1/1934, trazia com a manchete “Artes” uma reportagem enobrecendo o festival promovido por três pianistas da cidade, com a intenção de beneficiar um jovem músico violinista que aspirava se aperfeiçoar em seu instrumento. As três senhoritas eram Antonia Naves Vieira Machado, Adelaide Galati e Haydeé Menezes, e o violinista era o barretense Spártaco Righonatti, tratado como um músico de futuro promissor e que muito honraria Barretos.
            A reportagem destacava a qualidade musical de cada uma das pianistas, e a origem de tamanho talento por seus professores maestros, citados como os srs. Higino Mancini e Samuel Archanjo dos Santos, ambos do Conservatório Musical de SP. Haydeé Menezes, por exemplo, era já citada como uma profissional, que “tornou-se independente bem cedo e já [fazia] arte por sua conta e risco” (p. 2). Essa questão das senhoritas barretenses que se destacavam em festivais de música, por suas honrarias como pianistas e às vezes até profissionais, é uma interessante característica da condição social feminina da época, em principal àquelas mulheres filhas dos indivíduos letrados e/ou mais abastados da cidade.
            Por fim, o exemplo deste festival de 1934 serve-nos para mostrar como determinados barretenses possuíam o hábito de promover ações de artes e música, e a valorização dos artistas eruditos da própria cidade, solidarizando-se em ações. As três pianistas citadas e o violinista Righonatti são somente alguns exemplos do que a elite letrada de Barretos oferecia culturalmente aos seus e às demais cidades do país.

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