ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª ESP. KARLA O. ARMANI, EM AGOSTO DE 2015, NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS"
Convidamos o leitor para conhecer um
pouco a respeito das promoções artísticas de Barretos, nos anos 1930, na
intenção de mostrar que isso pode ser uma importante reflexão à história local.
Nesta época, Barretos era uma cidade que promovia diversos festivais e recitais
artísticos, fosse com artistas convidados ou com os da própria terra. O cenário
principal da época para tais apresentações era o “Grêmio Literário e Recreativo”
e seu público era composto essencialmente por indivíduos intelectualizados da
classe elitista da cidade. Para melhor exemplificar, destacaremos um festival
promovido no Grêmio em 1934, que priorizou sobretudo a música e os artistas da
própria cidade.
O jornal “A Notícia”, de direção de
Gumercindo Ferraz, na edição de 31/1/1934, trazia com a manchete “Artes” uma
reportagem enobrecendo o festival promovido por três pianistas da cidade, com a
intenção de beneficiar um jovem músico violinista que aspirava se aperfeiçoar
em seu instrumento. As três senhoritas eram Antonia Naves Vieira Machado,
Adelaide Galati e Haydeé Menezes, e o violinista era o barretense Spártaco
Righonatti, tratado como um músico de futuro promissor e que muito honraria
Barretos.
A reportagem destacava a qualidade
musical de cada uma das pianistas, e a origem de tamanho talento por seus
professores maestros, citados como os srs. Higino Mancini e Samuel Archanjo dos
Santos, ambos do Conservatório Musical de SP. Haydeé Menezes, por exemplo, era
já citada como uma profissional, que “tornou-se
independente bem cedo e já [fazia] arte por sua conta e risco” (p. 2). Essa
questão das senhoritas barretenses que se destacavam em festivais de música, por
suas honrarias como pianistas e às vezes até profissionais, é uma interessante
característica da condição social feminina da época, em principal àquelas
mulheres filhas dos indivíduos letrados e/ou mais abastados da cidade.
Por fim, o exemplo deste festival de
1934 serve-nos para mostrar como determinados barretenses possuíam o hábito de
promover ações de artes e música, e a valorização dos artistas eruditos da
própria cidade, solidarizando-se em ações. As três pianistas citadas e o
violinista Righonatti são somente alguns exemplos do que a elite letrada de
Barretos oferecia culturalmente aos seus e às demais cidades do país.
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