ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª ESP. KARLA O. ARMANI, EM MAIO DE 2015, NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS"
Leitor amigo, na semana passada, o artigo desta colunista
se dedicou em poucas linhas a falar sobre como a história local foi se tornando
nas décadas finais do século XX em uma vertente da historiografia. Como
antigamente essa vertente era escrita por intelectuais letrados, é necessário
que os destaquemos, já que os mesmos foram os responsáveis pelos primeiros
registros históricos das cidades, pelos testemunhos orais coletados, documentos
antigos recuperados e até as peças de museus.
Em Barretos, também tivemos intelectuais que se
aventuraram em escrever sobre a história da cidade, quando esta ainda não possuía
nem meio século de fundação oficial. Para tal, usavam dos jornais para registrarem
suas pesquisas e opiniões de fatos históricos. Façamos então um traçado breve
destes escritores na primeira metade do século XX.
O coronel Jesuíno
de Melo teria sido o primeiro deles. No jornal “O Sertanejo” de 1900, ele
escrevia em sua coluna “Tradições de Barretos” artigos sobre a origem da
cidade, a família Barreto, os primeiros povoadores e aspectos da paisagem,
fauna e flora locais. Ainda nas primeiras décadas do século, tínhamos a coluna
“Esboços” de autoria de Caà-Ubi, pseudônimo de Osório Rocha, onde se mesclava
narrações da história local com acontecimentos de âmbito nacional e
internacional. Na década de 1940, sob o pseudônimo VAF, Vírgilio Alves Ferreira
escrevia a coluna “Ecos do Passado” no jornal “A Semana”, em que desdobrava-se
a fatos pretéritos e personalidades da história nacional e de Barretos. A
coluna “Vultos do Passado”, do jornal “Correio de Barretos”, ainda nos anos
1940, se dedicava em expor biografias de personagens antigos da cidade, que em
geral fizeram parte da política no início daquele século. Outra expressiva
coluna foi a “Recortes”, de autoria do jornalista José Eduardo de Oliveira
Menezes, no jornal “Correio de Barretos”, onde, em notas curtas, o autor
registrava fatos, datas e personagens de outrora. A partir da década de 1950,
outras colunas jornalísticas continuaram a dedicar-se ao registro do passado da
cidade, mas isto é assunto para outra ocasião.
Logo, Barretos também foi a terra em que homens letrados
fizeram questão de deixar para nós, a posteridade, o indício daquilo que seria
a nossa história. Resgatemo-la.
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