“O
tempo tudo mudou, mas não apagou a tua poesia”
As palavras
acima são parte da música “Perfil de São Paulo” de autoria de Francisco de
Assis Bezerra de Menezes, o Bezerrinha de Barretos. No IV Centenário da capital
paulista, 1954, esta canção foi considerada o hino de São Paulo e seu
compositor ganhou importantes trófeus, além da canção ter sido gravada por
belas vozes da música brasileira. A principal mensagem da música se refere ao
processo de modernização que São Paulo passava na época, porém, ainda atrelado
a uma certa tradição. E como no último dia 25, São Paulo completou 459 anos de
fundação, relembraremos neste espaço um pouco dos períodos “modernos” da nossa
capital, bem como de suas tradições.
Por muito
tempo, São Paulo foi visto como um dos “melhores” estados da federação
brasileira, dada sua estabilidade econômica e referências sociais. Essa visão é
fruto da história quatrocentona paulista, que desde os tempos coloniais é
escrita com a finalidade de enaltecer a terra paulista e seus povoadores. Tudo
começou com a passagem do litoral da capitania de São Vicente rumo à serra,
depois foi a fundação do colégio jesuíta em 1554, as dificuldades iniciais da
vila e a sequente expedição bandeirante em direção ao interior do Brasil em
busca de riquezas e exploração de territórios ainda “não povoados” (entenda-se,
povoados pelos índios). Esse ato bandeirante paulista foi “enobrecido” ao longo
do tempo e serviu para justificar uma suposta “superioridade” de São Paulo em
razão de ser esta a província responsável pelo “povoamento” do interior
brasileiro.
Essa
superioridade, então vigente no século XVIII, foi reafirmada no século seguinte
por conta da pulsante economia cafeeira, o “ouro verde”. Os cafeicultores
paulistas, por meio da exploração escravista (depois da imigrante) e da
concentração fundiária, lideraram as exportações brasileiras por longas décadas
dos séculos XIX e XX. Inclusive tinham a ideia de que São Paulo era uma espécie
de “locomotiva” que puxava o restante dos estados brasileiros “nas costas”.
Esta estabilidade econômica conferiu aos cafeicultores prestígio e poder
político, visto que os mesmos dominaram o executivo brasileiro na conhecida
política do “café com leite” de 1894 a 1930. No entanto, com o golpe de Estado
concretizado pelo gaúcho e militar Getúlio Vargas em 1930, este poder foi
cessado. A reação paulista veio em 1932, com a Revolução Constitucionalista, na
qual São Paulo foi militarmente derrotado.
Neste
interím, os anos 1950, momento em que Bezerrinha compunha a canção sobre São
Paulo, ainda era vísivel as mudanças que a cidade-capital passava, mas também
se via tradição a qual era retomada em todos os momentos.
Moderno ou tradicional,
parabéns São Paulo!
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