quarta-feira, 25 de abril de 2018

À CIDADE DE SÃO PAULO



 ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª ESP. KARLA O. ARMANI, EM (27?) JANEIRO DE 2013, NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS"
“O tempo tudo mudou, mas não apagou a tua poesia”
            As palavras acima são parte da música “Perfil de São Paulo” de autoria de Francisco de Assis Bezerra de Menezes, o Bezerrinha de Barretos. No IV Centenário da capital paulista, 1954, esta canção foi considerada o hino de São Paulo e seu compositor ganhou importantes trófeus, além da canção ter sido gravada por belas vozes da música brasileira. A principal mensagem da música se refere ao processo de modernização que São Paulo passava na época, porém, ainda atrelado a uma certa tradição. E como no último dia 25, São Paulo completou 459 anos de fundação, relembraremos neste espaço um pouco dos períodos “modernos” da nossa capital, bem como de suas tradições.
            Por muito tempo, São Paulo foi visto como um dos “melhores” estados da federação brasileira, dada sua estabilidade econômica e referências sociais. Essa visão é fruto da história quatrocentona paulista, que desde os tempos coloniais é escrita com a finalidade de enaltecer a terra paulista e seus povoadores. Tudo começou com a passagem do litoral da capitania de São Vicente rumo à serra, depois foi a fundação do colégio jesuíta em 1554, as dificuldades iniciais da vila e a sequente expedição bandeirante em direção ao interior do Brasil em busca de riquezas e exploração de territórios ainda “não povoados” (entenda-se, povoados pelos índios). Esse ato bandeirante paulista foi “enobrecido” ao longo do tempo e serviu para justificar uma suposta “superioridade” de São Paulo em razão de ser esta a província responsável pelo “povoamento” do interior brasileiro.
            Essa superioridade, então vigente no século XVIII, foi reafirmada no século seguinte por conta da pulsante economia cafeeira, o “ouro verde”. Os cafeicultores paulistas, por meio da exploração escravista (depois da imigrante) e da concentração fundiária, lideraram as exportações brasileiras por longas décadas dos séculos XIX e XX. Inclusive tinham a ideia de que São Paulo era uma espécie de “locomotiva” que puxava o restante dos estados brasileiros “nas costas”. Esta estabilidade econômica conferiu aos cafeicultores prestígio e poder político, visto que os mesmos dominaram o executivo brasileiro na conhecida política do “café com leite” de 1894 a 1930. No entanto, com o golpe de Estado concretizado pelo gaúcho e militar Getúlio Vargas em 1930, este poder foi cessado. A reação paulista veio em 1932, com a Revolução Constitucionalista, na qual São Paulo foi militarmente derrotado.
            Neste interím, os anos 1950, momento em que Bezerrinha compunha a canção sobre São Paulo, ainda era vísivel as mudanças que a cidade-capital passava, mas também se via tradição a qual era retomada em todos os momentos.
Moderno ou tradicional, parabéns São Paulo!

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