quarta-feira, 25 de abril de 2018

AS CIDADES E SEUS NOMES



ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª ESP. KARLA O. ARMANI, EM MARÇO DE 2013, NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS"      

      As cidades são de fato lugares impressionantes para o estudo da história. Compostas por ruas, praças, instituições, personalidades, símbolos e tantas outras representações, elas são capazes de levar o historiador a imaginar uma série de estudos sobre o passado dos citadinos. Cada detalhe pode servir como vestígio para o entendimento da vida dos antepassados, e, assim, auxiliar na composição memória coletiva. Existem determinadas coisas nas cidades que são muito peculiares, bem características do local mesmo; como, por exemplo, o nome da cidade. E é sobre isso que trataremos a seguir.
            Geralmente, as denominações de cada cidade seguem um padrão de homenagens a personalidades (Altinópolis - Altino Arantes, Jardinópolis - Silva Jardim, Florianópolis – Floriano Peixoto), ou de referências a recursos naturais (Diamantina), menções religiosas (Belém, São Luís, São Paulo), ou ainda ao passado tupi do Brasil (Guaraci, Guarujá, Cuiabá, etc). Enfim, são muitos variados os tipos e os motivos dos nomes das cidades do Brasil. No entanto, seria válido destacar algumas denominações de cidades da nossa região que ficaram conhecidas pela linguagem popular.
Vejamos alguns casos...
            A começar pela nossa cidade de Barretos, que, de acordo com vestígios, assim foi denominada por conta da família Barreto ter sido uma das pioneiras a se fixar no local e a doar glebas de terras para a formação da vila no século XIX. Mas, o jornalista e memorialista Ruy Menezes destaca em uma passagem de sua obra “O Espiral” que o “s” acrescentado no final do nome, “Barreto(s)”, teria assim surgido por conta da expressão popular “arraial dos Barretos”. Segundo o mesmo: “Para mim, a designação ‘Barretos’ no plural, com ‘s’ no fim, é um erro de gramática. Aprendi que os nomes próprios não têm plural. [...]. Diziam os caboclos, assim, ‘dos Barretos’ do jeito que dava a sua língua [...]”.  Ele mesmo afirma que “não é a gramática que faz a língua, mas, o povo, com seu modo espontâneo e lógico de exprimir-se”.
            Outro caso interessante é a cidade de Terra Roxa, cuja denominação advém de um cognato popularizado pelo imigrantes que para lá se dirigiram no início do século XX. Os mesmos, ao se referirem à terra fértil da região, de cor avermelhada, exprimiam o vocábulo “rossa” (vermelha em italiano). Com base numa errônea tradução, o “rossa” se tornou “roxa” para os moradores do lugarejo, que a partir de então passou a ser assim chamado.
            A cidade de Viradouro também tem um caso parecido de expressão popular em sua denominação. Contam os memorialistas de lá, que a origem do nome “Viradouro” é coberta de  hipóteses, sendo que todas elas fazem menção a um local que seria  um ponto de retorno,  sem saída,  um  lugar de virada.  O que naquela época, na linguagem coloquial, era pronunciado “viradô”. Isso porque este ponto de virada dava de frente a uma mata então fechada, que obrigava as pessoas a virarem; daí o nome “Viradouro”.
            Exemplos como estes nos mostram como cada cidade tem suas peculiaridades, a começar pelo próprio nome; muitas vezes originário do povo. É assim que podemos construir as histórias das cidades da nossa região, com a memória do povo, suas linguagens e tradições.

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