ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª ESP. KARLA O. ARMANI, EM MARÇO DE 2013, NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS"
As cidades são de fato lugares
impressionantes para o estudo da história. Compostas por ruas, praças,
instituições, personalidades, símbolos e tantas outras representações, elas são
capazes de levar o historiador a imaginar uma série de estudos sobre o passado
dos citadinos. Cada detalhe pode servir como vestígio para o entendimento da
vida dos antepassados, e, assim, auxiliar na composição memória coletiva.
Existem determinadas coisas nas cidades que são muito peculiares, bem
características do local mesmo; como, por exemplo, o nome da cidade. E é sobre
isso que trataremos a seguir.
Geralmente, as denominações de cada
cidade seguem um padrão de homenagens a personalidades (Altinópolis - Altino
Arantes, Jardinópolis - Silva Jardim, Florianópolis – Floriano Peixoto), ou de
referências a recursos naturais (Diamantina), menções religiosas (Belém, São
Luís, São Paulo), ou ainda ao passado tupi do Brasil (Guaraci, Guarujá, Cuiabá,
etc). Enfim, são muitos variados os tipos e os motivos dos nomes das cidades do
Brasil. No entanto, seria válido destacar algumas denominações de cidades da
nossa região que ficaram conhecidas pela linguagem popular.
Vejamos alguns casos...
A começar pela nossa cidade de
Barretos, que, de acordo com vestígios, assim foi denominada por conta da
família Barreto ter sido uma das pioneiras a se fixar no local e a doar glebas
de terras para a formação da vila no século XIX. Mas, o jornalista e
memorialista Ruy Menezes destaca em uma passagem de sua obra “O Espiral” que o
“s” acrescentado no final do nome, “Barreto(s)”, teria assim surgido por conta
da expressão popular “arraial dos Barretos”. Segundo o mesmo: “Para mim, a designação ‘Barretos’ no plural,
com ‘s’ no fim, é um erro de gramática. Aprendi que os nomes próprios não têm
plural. [...]. Diziam os caboclos, assim, ‘dos Barretos’ do jeito que dava a
sua língua [...]”. Ele mesmo afirma
que “não é a gramática que faz a língua,
mas, o povo, com seu modo espontâneo e lógico de exprimir-se”.
Outro
caso interessante é a cidade de Terra Roxa, cuja denominação advém de um
cognato popularizado pelo imigrantes que para lá se dirigiram no início do
século XX. Os mesmos, ao se referirem à terra fértil da região, de cor
avermelhada, exprimiam o vocábulo “rossa”
(vermelha em italiano). Com base numa errônea tradução, o “rossa” se tornou “roxa”
para os moradores do lugarejo, que a partir de então passou a ser assim
chamado.
A cidade de Viradouro também tem um
caso parecido de expressão popular em sua denominação. Contam os memorialistas
de lá, que a origem do nome “Viradouro” é coberta de hipóteses, sendo que todas elas fazem menção
a um local que seria um ponto de
retorno, sem saída, um
lugar de virada. O que naquela
época, na linguagem coloquial, era pronunciado “viradô”. Isso porque este ponto
de virada dava de frente a uma mata então fechada, que obrigava as pessoas a
virarem; daí o nome “Viradouro”.
Exemplos como estes nos mostram como
cada cidade tem suas peculiaridades, a começar pelo próprio nome; muitas vezes
originário do povo. É assim que podemos construir as histórias das cidades da
nossa região, com a memória do povo, suas linguagens e tradições.
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