Existem
frases e reflexões que oferecem inspiração ao leitor. Trechos que, relacionados
ao tipo de vivência de cada pessoa, podem levar à reflexão, ao raciocínio e à
inspiração. É assim que historiadores como o francês Lucien Febvre (1878-1956)
podem estimular os demais, afinal todos são movidos por ideias, análises,
hipóteses, pesquisas e escolhas.
Já dizia Febvre: “Escolher? Com
que direito? Em nome de que princípio? Mas toda História é escolha. É-o, até
devido ao acaso que aqui destrui e ali salvou os vestígios do passado. É-o
devido ao homem: quando os documentos abundam, ele resume, simplifica, põe em
destaque isto, apaga aquilo. É-o, sobretudo, porque o historiador cria os seus
materiais, ou, se se quiser, recria-os: o historiador que não vagueia ao acaso
pelo passado, como um trapeio à procura de achados, mas parte com uma intenção
precisa, um problema a resolver, uma hipótese de trabalho a verificar”.
Neste
trecho, retirado da obra “Combates pela História”, Febvre se atenta à
flexibilidade da História; ao fato da ciência histórica não ser algo estável,
fechado e visto como a verdade absoluta. Neste pequeno trecho escrito nos anos
40, o pensador francês revela um ponto que até hoje o senso comum não aceita: o
de que a História não é o passado em si, e sim a composição escrita de um
historiador!
Ao se
aproximar de um determinado tema, o historiador o investiga por meio de fontes
históricas esporádicas, tem de separa-las, classifica-las e analisa-las
conforme um método. Todo este processo só acontece porque a todo momento o
historiador faz escolhas. São essas escolhas que tornam a História uma
composição flexível, intencional, cultural e problematizante.
Ao
historiador são admissíveis as características de ser intencional, questionador
e metódico. Intenção, problema, método e pesquisa são palavras chaves no trabalho
do historiador; um ofício milenar, mas que a todo momento se renova, se
flexibiliza, graças as suas escolhas.
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