quarta-feira, 25 de abril de 2018

A(S) ESCOLHA(S) DO HISTORIADOR


  ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª ESP. KARLA O. ARMANI, EM JUNHO DE 2013, NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS"

            Existem frases e reflexões que oferecem inspiração ao leitor. Trechos que, relacionados ao tipo de vivência de cada pessoa, podem levar à reflexão, ao raciocínio e à inspiração. É assim que historiadores como o francês Lucien Febvre (1878-1956) podem estimular os demais, afinal todos são movidos por ideias, análises, hipóteses, pesquisas e escolhas.
            Já dizia Febvre: “Escolher? Com que direito? Em nome de que princípio? Mas toda História é escolha. É-o, até devido ao acaso que aqui destrui e ali salvou os vestígios do passado. É-o devido ao homem: quando os documentos abundam, ele resume, simplifica, põe em destaque isto, apaga aquilo. É-o, sobretudo, porque o historiador cria os seus materiais, ou, se se quiser, recria-os: o historiador que não vagueia ao acaso pelo passado, como um trapeio à procura de achados, mas parte com uma intenção precisa, um problema a resolver, uma hipótese de trabalho a verificar”.
            Neste trecho, retirado da obra “Combates pela História”, Febvre se atenta à flexibilidade da História; ao fato da ciência histórica não ser algo estável, fechado e visto como a verdade absoluta. Neste pequeno trecho escrito nos anos 40, o pensador francês revela um ponto que até hoje o senso comum não aceita: o de que a História não é o passado em si, e sim a composição escrita de um historiador!
            Ao se aproximar de um determinado tema, o historiador o investiga por meio de fontes históricas esporádicas, tem de separa-las, classifica-las e analisa-las conforme um método. Todo este processo só acontece porque a todo momento o historiador faz escolhas. São essas escolhas que tornam a História uma composição flexível, intencional, cultural e problematizante.
            Ao historiador são admissíveis as características de ser intencional, questionador e metódico. Intenção, problema, método e pesquisa são palavras chaves no trabalho do historiador; um ofício milenar, mas que a todo momento se renova, se flexibiliza, graças as suas escolhas.

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