sábado, 28 de abril de 2018

SERRA DA CAPIVARA PEDE SOCORRO

ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª ESP. KARLA O. ARMANI, EM  JULHO DE 2015, NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" 


            Caro leitor, imagine você que o Brasil possui um rico Parque Nacional, no Piauí, e que há mais de quatro décadas desenvolve pesquisas científicas sobre a Pré-História e a arqueologia brasileira. É como se este parque fosse uma ferramenta de trabalho para pesquisadores descobrirem a história e a formação natural do nosso país há milhares e milhares de anos. Pois bem, agora imagine que estas pesquisas e seus resultados brilhantes possam simplesmente estar destinados ao fim, ao fechamento do Parque, à destruição de milhões de reais e de trabalhos investidos. Sim, este risco é iminente.
            O trabalho desenvolvido na Serra da Capivara, no município de São Raimundo Nonato, é coordenado pela Fundação Museu do Homem Americano, cuja diretora é a arqueóloga Niède Guidon. Esta sra., no alto de seus 82 anos, coordena pesquisas científicas desde a década de 1970 no parque, e foi responsável por descobertas fantásticas a respeito da Pré-História brasileira. Como exemplo, existem os achados de cerca de 48 mil anos naquela região, considerados artefatos produzidos por homens que já habitavam o nosso Brasil. Tais descobertas nos orientam a novas hipóteses de ocupação do território sul-americano, visto que as hipóteses anteriores eram de que o Brasil teria sido ocupado somente por volta de 15 a 10 mil anos atrás. É claro que tais pesquisas foram contestadas por alguns membros da comunidade internacional, principalmente nos EUA, ao proferirem críticas de que tais “artefatos” seriam na verdade simples rochas naturais. No entanto, quanto mais se avançam os anos, mais as teorias de Guidon são aceitas, e mais o Brasil se destaca como ponto de referência em estudos arqueológicos e históricos.
            Porém, todas essas pesquisas estão condenadas por vários motivos, em essencial a falta de repasse de verba pelo governo federal (visto que se trata de um patrimônio nacional) e pelo rompimento das obras do aeroporto do município que há décadas não é finalizado. Segundo declarações constantes de Niède Guidon à imprensa, o Parque se sustentaria pelo dinheiro gerado do próprio turismo, caso o aeroporto fosse finalizado.
            Com isso, fica aquela angústia pelo descaso com o patrimônio arqueológico nacional e com o dinheiro público, a indignação pela falta de ação do governo federal e pelo desrespeito com àqueles cidadãos que valorizam a História. Fica ainda, a expectativa de que a situação se resolva e de que todo trabalho seja respeitado.

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